sexta-feira, 29 de junho de 2012

Odisseia Cósmica



Prelúdio sobre os Novos deuses:
Voltando aos primórdios, temos a Fonte. E em Nova Gênese os Novos deuses comungam com ela. 
Voltando aos primórdios, Jack Kirby deixou a Marvel e foi trabalhar na DC. Asgard, o lar dos velhos deuses foi consumida por uma guerra irrefreável. Então, dos espólios dessa contenda cósmica, nasceram os Novos deuses. 
Essa versão não é exatamente a oficial, mas retrata com fidelidade o simbolismo que houve na época da troca das editoras. Os Novos deuses de Jack Kirby, escritos, desenhados e EDITADOS por ele, duraram apenas onze números. As vendas não eram boas. Não era pra um ser um mero gibi de bancas. Era algo para entrar na história dos quadrinhos.
Junto com Novos deuses, Kirby também produziu “Senhor Milagre” e “O Povo da Eternidade” Juntas, essas obras formam o que tempos depois ficaria imortalizado como o “Quarto Mundo de Jack Kirby”. 
E foi justamente nessas histórias, que ele deixou seu maior legado para a DC Comics… não um herói, nem de longe o melhor e mais inspirador dos heróis, afinal, ela já tinha Superman.  Era um vilão. O pior e mais diabólico todos: Darkseid. 
E junto com Darkseid, fomos apresentados a “Equação Antivida”.
Esse pequeno prelúdio foi apenas uma preparação para falar do assunto que realmente quero tocar, a clássica minissérie “Odisseia Cósmica”, de Jim Starlin e Mike Mignola  , onde mais uma vez os Novos deuses são revisitados. Voltam para a Fonte.
Mas quem bebeu dessa fonte foi o escritor Jim Starlin. Famoso por suas histórias espaciais e também por ter sido a mente por trás da memorável “Morte em Família”, onde Jason Todd, o segundo Robin é assassinado pelo Coringa. (Tudo bem que ele ressuscitou anos depois, mas por um longo tempo essa história teve um peso sobre toda a trajetória seguinte do homem morcego, sem contar no impacto que causou na época).
Mike Mignola? Você sabe; artista fantástico, criador do Hellboy, personagem de grande sucesso da Dark Horse.

Que droga Jonh! A bomba é AMARELA!
Mas, voltando à Odisseia, temos aqui uma legítima HQ de super-heróis que honra a memória do velho Kirby, e vale ter guardada na estante. Alguns dos acontecimentos ecoam no universo DC até hoje, como o fato do planeta Xanshi ter sido totalmente destruído devido a arrogância do Lanterna Verde John Stewart e as sequelas emocionais que isso lhe causou.

Isso mesmo crianças: EU SOU SEU PAI!
Essa versão tem uma interpretação própria de Jim Starlin sobre a Antivida. Em sua visão, a mesma trata-se de um ser de poder absoluto que vive às margens da realidade; ele teria sido criado pela mesma guerra que destruiu o mundo dos velhos deuses, subsequentemente dando origem a Nova Gênese e Apokolips, lar de Darkseid.

Darkseid mantendo Etrigan "na coleira" ...
A história tem uma premissa simples: Metron dos Novos deuses, com sua fome insaciável de conhecimento, encontra uma forma de entrar em contato com a Antivida, mas é surpreendido por sua aparente onipotência e consegue escapar dela por pouco, porém com sua mente  terrivelmente danificada. O problema é que ao escapar, ele abriu uma brecha nas dimensões, possibilitando a Antivida a enviar quatro espectros para a nossa realidade. Darkseid resgata  Metron e o leva para Nova Gênese, formando uma aliança improvável com os Novos deuses, pois eles descobrem que esses quatro espectros pretendem aniquilar quatro sistema estelares específicos, e conforme explica Darkseid: “A gravidade é o cimento que mantém todas as coisas coesas, inclusive as galáxias. A via láctea é uma joia de equilíbrio precário, milhões de estrelas interlaçadas e interdependentes. Dos quatro sistemas estelares  na tela… destrua dois deles e a via láctea irá ruir sobre si mesma”.
A destruição total possibilitaria então a livre entrada da Antivida na nossa realidade.

O quadro negro de Darkseid.
Para impedir essa tragédia, foram convocados os heróis da Terra e de outros planetas para impedir a ação dos espectros e salvar o universo. Os escolhidos foram J´onn J´onzz, Estelar, Lanterna Verde (Stewart), Superman, Batman e Jason Blood, hospedeiro do demônio Etrigan (Outro legado maldito de Kirby para a DC). Além disso eles tiveram apoio direto dos Novos deuses Órion, Lightray (estranhamente batizado no Brasil como “Magtron”), Forrageador e o aventureiro estelar Adam Strange.
Apesar da já citada premissa simples, a história prende. Jim Starlin estava em plena forma, os diálogos podem não ser geniais, mas convencem. E a arte de Mignola dá o toque sombrio que ela precisava. Temos alguns momentos tensos, como o sacrifício de Jason Blood ao aceitar se unir novamente a Etrigan, o duelo moral de Superman e Órion e a dinâmica bem construída entre Batman e Forrageador, que morre para salvar a Terra, e mesmo sendo um personagem praticamente desconhecido, causa impacto com sua partida.
Mesmo fugindo do conceito original de Kirby para a Antivida, essa minissérie merece todos os créditos por ser uma aventura divertida e bem feita, diferente de alguns recentes trabalhos de Jim Starlin com os Novos deuses, que deixaram tudo a desejar. Esse conceito de que a Antivida seria uma forma de controle mental em massa, foi resgatada por Grant Morrison em sua “Crise Final”, que em sua essência nada mais é do que uma releitura da obra de Jack Kirby. Um retorno à Fonte.
Odisséia Cósmica, foi republicada pela Panini em um encadernado, contendo alguns extras.
Vale a pena reler sem compromisso e sem culpa. Está na minha lista de clássicos preferidos dos anos 80.
Nota: 9

 
Por Rodrigo Garrit
Originalmente publicado no Santuário

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