Filmes proibidos e/ou censurados costumam ser lembrados muito mais pela polêmica que causaram do que por suas qualidades artísticas. Não é o caso desta lista. Os critérios utilizados, em ordem de importância, foram: 1º. Qualidade e importância da obra; 2º. Polêmica provocada (número de banições, protestos, cortes) e 3º. Tema (racial, sexual, religioso, etc). Como sempre, fiquem à vontade para fazer comentários e incrementar o ranking.
10. Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust, Italia 1980): Um grupo de documentaristas viaja aos confins da Amazônia para filmar a vida dos índios canibais. A missão é um fracasso e uma equipe chefiada por um antropologista é enviada para resgatá-los. Ele consegue recuperar as latas de filme perdidas, que revelam o destino do grupo desaparecido. Sob suspeitas de se tratar de um snuff, esta produção precária repleta de cenas chocantes levou o seu diretor Ruggero Deodato ser preso. Também pudera: o longa usa e abusa de canibalismo, escatologia, desmembramentos, tortura, estupro, matança de animais e, por isso, foi proibido na Itália, Nova Zelândia, Reino Unido, Austrália, Malásia, Burma, Noruega, África do Sul, Finlândia, Turquia, Cingapura, Alemanha, Irã e Marrocos.
9. Serbian Film (Srpski Film, Sérvia 2010): Ex-ator de filmes pornográficos, com problemas financeiros e uma família para sustentar, aceita retornar ao antigo trabalho após uma oferta irrecusável, sem saber do que realmente se trata o filme e das intenções doentias do realizador por trás dele. Apaixonado pelo cinema americano dos anos 70, o demente diretor Srdjan Spasojevic explicou que este trabalho é uma metáfora enaltecendo a corrupção em seu pais, a Sérvia, e uma homenagem a Martin Scorsese e Brian De Palma. Não acredite nisto: o longa ultrapassa os limites do tolerável com suas tenebrosas cenas de tortura, degradação humana, estupro, necrofilia e pedofilia. Foi proibido em muitos países, inclusive Itália, Noruega, Alemanha e Espanha. No Reino Unido, onde foi considerado “o filme mais indecente de todos os tempos”, precisou passar por 49 cortes para ser lançado com censura 18 anos.
8. Assassinos por Natureza (Natural Born Killers, EUA 1994): Mickey e Mallory Knox (Woody Harrelson e Juliette Lewis) são um casal de serial killers que viaja pelos EUA provocando uma matança desenfreada não por dinheiro, não por vingança, apenas por diversão. Ao atrair à atenção dos meios de comunicação, são transformados em celebridades. A violência excessiva da fita levantou polêmica, mas a ideia era justamente satirizar o sensacionalismo, a banalização e a atenção que a mídia presta a criminosos e à violência. Infelizmente, acabou inspirando assassinos reais em busca dos seus 15 minutos de fama. Cerca de doze mortes nos EUA e em outros países foram associados a obra de Oliver Stone que, acabou até processado pela família de uma das vítimas.
7. A Última Tentação de Cristo (The Last Temptation of The Christ, EUA 1988): Baseado no best-seller homônimo de Nikos Kazantzakis e dirigido por Martin Scorsese, o filme propõe uma releitura dos acontecimentos da vida de Jesus Cristo, enfatizando o seu conflito interior entre o messias predestinado por Deus ao sacrifício na cruz e o homem comum e prático que ambiciona constituir família e desfrutar de uma vida tranqüila no absoluto anonimato. Considerado herético pela Igreja Católica, acabou banido em diversos países, incluindo Argentina, Chile, Irlanda, Mexico, Turquia, Filipinas, Singapura e África do Sul. Um grupo fundamentalista se ofereceu para comprar o filme de US$ 6,5 milhões da Universal apenas para destruí-lo.
6. Je Vous Salue, Marie (França/Reino Unido/Suíça 1985): O anjo Gabriel chega à terra de avião, acompanhado de uma garotinha, que também possui a divina mensagem. Os dois tomam um táxi, e seguem em direção a um posto de gasolina, onde anunciam a funcionária Maria que ela será mãe de uma criança especial. Numa década marcada por provocações políticas e sexuais, Jean-Luc Godard sabia que sua obra seria alvo de muita polêmica. E foi mesmo: O papa João Paulo II e os bispos católicos ficaram horrizados com a película, sobretudo com a cena em que Maria vai ao ginecologista e é tocada por ele. O filme acabou censurado na Irlanda, Itália, África do Sul e em praticamente toda a América Latina que, nos anos 1980, ainda vivia boa parte sob o domínio da ditadura.
5. O Tambor (Die Blechtrommel/The Tin Drum, Alemanha 1979): Baseado no livro homônimo escrito por Günter Grass, o filme é uma sensível fábula sobre um garoto de 11 anos que resolve “parar” de envelhecer. Apesar de vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e da Palma de Ouro em Cannes, a película do diretor Volker Schlöndorff foi acusada de pornografia infantil por causa de uma cena de sexo oral entre o petiz protagonista e uma menina de 16 anos de idade. Acabou censurado em vários países como Itália, Irlanda, Inglaterra, África do Sul, Singapura, em alguns estados mais conservadores dos EUA e até no liberal Canadá, onde continua inédito até hoje
4. Último Tango em Paris (Ultimo Tango a Parigi, França/Itália 1972): A história sobre um casal de desconhecidos que encontram-se num apartamento vazio e, sem dizerem nomes, conversam, transam, brigam e procuram um sentido para suas vidas foi mal interpretada, o que rendeu ao diretor Bernardo Bertolucci a fama de pornógrafo iconoclasta. A cena onde Marlon Brando faz sexo com Maria Schneider usando manteiga como lubrificante (comentada até hoje) foi o principal motivo para que o filme fosse banido na Itália, Espanha, Portugal, Nova Zelândia, Singapura e Coreia do Sul.
3. O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, EUA 1915): Possivelmente um dos filmes mais controversos de toda a filmografia americana, este longa dirigido pelo talentoso D. W. Griffith só não ganhou status de obra-prima por seu conteúdo repulsivo e racista. Aqui, os negros são acusados de serem responsáveis por tudo de ruim que aconteceu com o povo americano durante a Guerra Civil. E ainda são mostrados como um bando de porcos, sem educação, que vivem bebendo e maltratando os brancos. Ao mostrar um grupo de encapuçados linchando um negro que praticara um delito, de maneira aprovativa, o filme afirma e promove o contexto cultural para o resurgimento da Ku Klux Klan – que aconteceu no ano seguinte, em 1916. O longa gerou protestos significantes em seu lançamento e estreias eram supervisionadas por instituições a favor dos direitos dos afro-americanos.
2. Saló – 120 Dias em Sodoma (Salò o le 120 giornate di Sodoma, Itália/França 1976): Numa província italiana controlada pelos nazistas em 1944, quatro altos dignitários reúnem jovens prisioneiros numa mansão para passar por uma experiência tenebrosa inspirada nas obras do Marquês de Sade: o Círculo das Taras, o Círculo da Merda e o Círculo do Sangue. O que vem a seguir é um verdadeiro show de horrores com direito a cenas de submissão, sexo, violência e escatologia. Na Inglaterra, o primeiro cinema com versão sem cortes que ousou exibir o filme em 1977, foi invadido pela polícia e fechado. Realizado por um agressivo Pier Paolo Pasolini, Saló é uma critica metaforica e voraz ao fascismo que dominou o país durante a Segunda Guerra. A catarse explícita e incômoda atinge em cheio o estômago.
1. Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, EUA/Reino Unido 1971): Em uma Grã-Bretanha futurista, uma gangue de delinquentes passa as noites promovendo o espancamento e estupro de vítimas indefesas. Quando finalmente um deles é pego pela polícia, concorda em passar por uma nova e cruel “terapia de aversão” para encurtar a sua sentença de prisão. O diretor Stanley Kubrick queria questionar o sistema com sua obra-prima ultraviolenta, divertida e cruel, mas acabou gerando protestos em quase todos os países onde o longa foi exibido. Por conta dos seus excessos foi banido na Irlanda, Malásia, Cingapura, Argentina, Brasil, Chile e Coreia do Sul, entre outros. Mas a mais curiosa proibição veio da Inglaterra. O próprio Kubrick pediu para que retirassem o filme dos cinemas, porque ele e sua família vinham sendo ameaçados de morte.
Por:
Digerati