Não é fácil retornar para uma franquia mais de 30 anos depois. Ainda mais depois que ela foi assumida por outras pessoas. Ainda assim, há alguns anos, o diretor Ridley Scott deu para si mesmo esta missão, a de retomar a franquia Alien. Depois de idas e vindas o resultado foi aquele visto em Prometheus, filme que estreou este ano nos cinemas e está chegando ao mercado de home video nacional amanhã, dia 17 de outubro.
De certa forma, esse lançamento em home video está sendo aguardado por muita gente não necessariamente por terem gostado ou não do filme, mas sim pelo Blu-ray prometer mais de 7 horas de extras que, efetivamente, explicam muitas das dúvidas deixadas quando o filme termina.
Por isso, a FOX-Sony convidou nos na última semana para conferir uma boa parte destes extras, que detalham todo o processo de produção do filme, dão respostas (algumas das quais você talvez não queira ouvir), deixa outras dúvidas e ainda revelam algumas verdades do processo produtivo.
Os deuses furiosos
As tais respostas de muitas dúvidas sobre Prometheus se misturam ao próprio processo produtivo do filme. Boa parte disso é contado no documentário The Furious Gods: Making Prometheus, que tem não apenas informações bem interessantes, como também agrega aquela função de “focus points”, na qual você pode saber mais sobre temas específicos, se quiser.
É nesse documentário que sabemos, por exemplo, que a intenção inicial do Scott era mesmo fazer um prelúdio de Alien da forma mais tradicional possível, mantendo, inclusive, o título “Alien” no nome. A intenção era falar um pouco mais sobre a misteriosa figura do Space Jockey, que aparece em Alien, o 8º Passageiro e não tinha sido explorado em nenhum dos outros filmes da franquia – apenas em uma HQ da Dark Horse, ignorada pela produção.
Ainda assim, o foco eram nos aliens. Para escrever essa história, Scott chamou o roteirista John Spaits, um novato, que foi obrigado a escrever e reescrever a história inúmeras vezes. Nesse processo, a história que era sobre os aliens se transformou em uma história sobre os Space Jockeys, agora chamados de Engenheiros. A pré-produção, incluindo os conceitos da parte visual, caminhou em paralelo e a própria equipe do filme deixa claro que não sabia se a história se passava no planeta do primeiro Alien ou se era um novo – como todo mundo sabe, acabou sendo um novo planeta.
O que não mudou é a ideia original de Scott de mostrar os aliens como uma arma biológica de uma raça superior – algo que ele sustentava desde os extras do primeiro filme. Porém, a vocação mitológica dos Engenheiros foi ampliada, colocando-os como os geradores da vida na Terra.
A percepção que fica é que, até aquele momento, Prometheus era um filme muito mais acessível, mas aí…
Em certo momento, Damon Lindelof entrou na produção para reescrever o roteiro. Não apenas deixou Spaits chateado – algo que ele DIZ no documentário – como veio com uma nova ideia: o filme não precisava ser necessariamente um prelúdio de Alien, o 8º Passageiro, mas sim uma história se passando no mesmo universo, com algumas respostas para o antigo filme, mas que também fosse o início para uma nova franquia, que corresse em paralelo com a de Alien. Foi aí que surgiu o nome “Prometheus” e, com certeza, muitas respostas foram tiradas do roteiro para que fossem colocadas nas continuações.
Talvez esta seja a primeira falha clara de Prometheus.
Efeitos especiais
The Furious Gods e os outros extras do Blu-ray aprofundam bastante a produção dos extras e a dualidade de Ridley Scott, que queria algo que fosse novo e inovador, mas, ao mesmo tempo, com os pés fincados naquilo que foi feito em Alien. Um trabalho nada fácil para a equipe de produção.
Outro detalhe que fica claro é que por ter um diretor mais “das antigas”, muitos dos efeitos especiais de Prometheus foram feitos “na raça”, ao menos inicialmente. A intenção era de que monstros, explosões e afins fossem feitos inicialmente da forma mais “física” possível. Depois caberia à equipe de pós-produção criar os efeitos em cima daquilo. Claro, coisas como a própria nave Prometheus precisavam ser criadas totalmente em CGI, mas muitos dos aliens do filme estavam lá, em cena. Apenas foram retocados ou refeitos na pós.
Bom, todas essas dificuldades valeram à pena: o que vemos na tela do cinema (e, agora, da TV) é incrível.
Pós-produção
O trabalho de pós-produção de um filme como Prometheus é tão longo que, nos extras, mereceu um documentário especificamente para isso.
Um dos trabalhos mais importantes dessa etapa e a edição e montagem do filme. Como Prometheus foi filmado 100% digitalmente, foi mais fácil. Por outro lado, a facilidade de cortar gerou cortes em excesso. Infelizmente, esse é o segundo erro de Prometheus.
No documentário fica bem claro que a intenção era colocar Prometheus dentro do limite de 2 horas de duração, no máximo 2h15. Assim, muita coisa, mas MUITA coisa foi cortada, principalmente da sequência na qual Elizabeth Shaw encontra Peter Weyland vivo. Muitas das dúvidas “involuntárias” de Prometheus são por conta desse excesso de cortes.
Realmente faz falta uma Versão Estendida de Prometheus, talvez com as 2h40 que o filme tinha ainda em meados do processo de pós-produção. Quem sabe aí poderíamos entender melhor, por exemplo, quais as motivações do David.
Bom, filmes totalmente recortados que depois ganham uma versão estendida ou do diretor não são novidade na carreira de Ridley Scott. Os fãs de Blade Runner sabem muito bem…
Edições
De acordo com a FOX-Sony, a ideia é que os extras mais longos são mais focados em quem é fã ou colecionador, por isso estão presentes apenas na versão mais cara. Ou seja, você terá que desembolsar R$ 119,90 se o seu for um desses dois casos.
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