Em 2007, o cineasta romeno Cristian Mungiu recebeu uma inesperada Palma de Ouro com seu segundo longa, "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", uma forte história sobre aborto na rígida Romênia comunista. Mungiu volta a temas polêmicos para tentar sua segunda Palma, desta vez com uma inusitada história de exorcismo em "Dupa Dealuri" ("Além das colinas"). Suas chances são boas – o filme é o primeiro apresentado até agora a apresentar estatura para vencer.
Com Mungiu, porém, não adianta esperar algo na linha do clássico "O Exorcista" (1973). Tudo é bem mais ambíguo, nada explícito. Constrói-se com longas cenas em duas horas e meia de duração. O longa começa com a jovem Alina visitando sua amiga Voichita, que agora vive num monastério. Elas cresceram juntas num orfanato e parecem ter tido uma relação um pouco mais forte do que amizade.Alina tenta convencer Voichita a largar a vida religiosa, mas esta não cede. Para ficar ao lado da amiga, ela decide ficar também no monastério, mas não consegue se submeter às rígidas regras religiosas do local. Logo, Alina começa um conflito cada vez mais violento com o padre que comanda o monastério – e seu comportamento logo é interpretado como possessão.
"Gostaria que vissem este filme sem comparar com meu anterior. Quis tentar algo diferente desta vez", comentou Mungiu na sessão destinada à imprensa. "Ao contrário do primeiro, este não é um filme sobre amizade, mas sobre diferentes formas de amor, e o que fazemos em nome dele. Podemos abandonar nosso livre arbítrio, mas nunca a quem amamos", explicou o diretor, acrescentando depois que não gosta de falar muito sobre seus filmes.
Por:Thiago Stivaletti
Do UOL, em Cannes
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