Sabe aqueles filmes com uma grande premissa, mas que não se tornam grandes filmes? Pois é, “Beleza Adormecida
(Sleeping Beauty)” que estreou com atraso no circuito brasileiro neste
final de semana é um ótimo exemplo. Escrito e dirigido pela estreante Julie Leigh, o longa apresenta um roteiro interessante e pretensioso, mas que vai perdendo a força com o decorrer da projeção.
A
trama acompanha a vida de Lucy, uma estudante universitária que mantém
até três empregos diferentes para financiar seus estudos e colocar suas
dívidas em dia. E ainda divide o tempo que lhe resta para fazer
companhia a um amigo problemático.
Mesmo
se dedicando ao trabalho, ela não consegue pagar suas contas por causa
de sua mãe (que não aparece nenhuma vez em cena. É apenas citada em uma
conversa por telefone) que adora gastar o dinheiro da filha para
alimentar seu vicio por bebidas alcoólicas - e por isso, Lucy resolve
arriscar algo mais ousado e perigoso, ela aceita um trabalho para servir
jantares da alta sociedade vestindo apenas lingerie e posteriormente
assume o papel de “Bela Adormecida”, ao concordar em ser induzida ao
sono para que homens ricos possam usar seu corpo (sem penetração,
conforme as regras da casa) para seus fetiches particulares.
Logo
nos primeiros minutos, o longa vai traçando cuidadosamente a
personalidade de Lucy ao mostrar a rotina de sua protagonista,
interpretada pela bela atriz australiana (contemporânea da diretora) Emily Browning,
aquela mesmo, que fez a garotinha de “Desventuras em Série”, mas ficou
mundialmente famosa ao estrelar o filme “Sucker Punch: Mundo Surreal”. A
escolha da atriz foi importante para composição do papel. Com 23 anos
(mas com uma aparência de mais nova) e com apelo sexual já mostrada no
filme de Zack Snyder (onde também fazia uma prostituta)
Browning torna-se a única atração do longa, já que o roteiro não
consegue manter o interesse inicial e vai se perdendo aos poucos. Isso
porque, a diretora/roteirista opta em focar nas cenas de nudez (que não
mantém nenhuma função narrativa e que muitas vezes soam gratuitas)
deixando o destino da protagonista para trás com sensação de vazio.
O
filme que concorreu a Palma de Ouro em 2011 e ganhou visibilidade
justamente por causa do tema e por ter sido vendido (ou concebido) com
uma versão “sombria e adulta” do clássico da Disney – rótulo que só
faria sentido, se a Princesa Aurora transforma-se seu sono em uma
válvula de escape, para fugir de uma realidade alimentada de um desejo
autodestrutivo, o que todos nós sabemos que não acontece.
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