sábado, 19 de maio de 2012

Crítica – Beleza Adormecida (Sleeping Beauty)


Sabe aqueles filmes com uma grande premissa, mas que não se tornam grandes filmes? Pois é, “Beleza Adormecida (Sleeping Beauty)” que estreou com atraso no circuito brasileiro neste final de semana é um ótimo exemplo. Escrito e dirigido pela estreante Julie Leigh, o longa apresenta um roteiro interessante e pretensioso, mas que vai perdendo a força com o decorrer da projeção.
A trama acompanha a vida de Lucy, uma estudante universitária que mantém até três empregos diferentes para financiar seus estudos e colocar suas dívidas em dia. E ainda divide o tempo que lhe resta para fazer companhia a um amigo problemático.
Mesmo se dedicando ao trabalho, ela não consegue pagar suas contas por causa de sua mãe (que não aparece nenhuma vez em cena. É apenas citada em uma conversa por telefone) que adora gastar o dinheiro da filha para alimentar seu vicio por bebidas alcoólicas - e por isso, Lucy resolve arriscar algo mais ousado e perigoso, ela aceita um trabalho para servir jantares da alta sociedade vestindo apenas lingerie e posteriormente assume o papel de “Bela Adormecida”, ao concordar em ser induzida ao sono para que homens ricos possam usar seu corpo (sem penetração, conforme as regras da casa) para seus fetiches particulares.
Logo nos primeiros minutos, o longa vai traçando cuidadosamente a personalidade de Lucy ao mostrar a rotina de sua protagonista, interpretada pela bela atriz australiana (contemporânea da diretora) Emily Browning, aquela mesmo, que fez a garotinha de “Desventuras em Série”, mas ficou mundialmente famosa ao estrelar o filme “Sucker Punch: Mundo Surreal”. A escolha da atriz foi importante para composição do papel. Com 23 anos (mas com uma aparência de mais nova) e com apelo sexual já mostrada no filme de Zack Snyder (onde também fazia uma prostituta) Browning torna-se a única atração do longa, já que o roteiro não consegue manter o interesse inicial e vai se perdendo aos poucos. Isso porque, a diretora/roteirista opta em focar nas cenas de nudez (que não mantém nenhuma função narrativa e que muitas vezes soam gratuitas) deixando o destino da protagonista para trás com sensação de vazio.
O filme que concorreu a Palma de Ouro em 2011 e ganhou visibilidade justamente por causa do tema e por ter sido vendido (ou concebido) com uma versão “sombria e adulta” do clássico da Disney – rótulo que só faria sentido, se a Princesa Aurora transforma-se seu sono em uma válvula de escape, para fugir de uma realidade alimentada de um desejo autodestrutivo, o que todos nós sabemos que não acontece.

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