sábado, 6 de outubro de 2012

Sandman Apresenta: Contos Fabulosos



Que tal algumas peripécias de um Johnny English adorador da Grande Abóbora e outras histórias malucas?
Cara, a gente sempre desce a madeira nas coisas que a Panini faz – porque muitas vezes eles fazem lambança mesmo, ou furam o olho da galera, ou as duas coisas.
Não é o caso dessa série – que tem lá seus problemas – Sandman Apresenta. Tem seus problemas porque a editora não decide se é uma série (e aí com números sequenciais), se vai padronizar a estética das lombadas, enfim, coisas que a gente até já viu piores em outras editoras e séries (sim, Conrad, estou falando com seu Calvin e Haroldo), mas não é por isso que a gente vai deixar passar batido, nem condenar o processo todo.
Sandman Apresenta tem mostrado histórias do universo do Rei do Sonhar que, ainda não influenciassem a trama principal da série, podiam muito bem compô-la, pelo próprio formato que foi Sandman. Assim, depois de “As Fúrias”“Caçadores de Sonhos”“Crônicas de Mortes Anunciadas” (estrelando o mais velho dos Perpétuos, Destino) e “Lúcifer”, chegou a vez do humor nas Terras do Sonhar, com Merv Cabeça-de-Abóbora e outros personagens muito loucos em aventuras do barulho!
Contos Fabulosos reúne uma série de histórias envolvendo os personagens mais aleatórios do Sonhar, escritas por Bill Willingham em 2000/2001. Sua série mais famosa, Fábulas, seria publicada no ano seguinte, e fica evidente que Contos Fabulosos pode ser chamado tanto de um spin-off de Sandman quanto os primeiros passos de Fábulas.
Na primeira história do álbum, Merv Cabeça de Abóbora, Agente do S.O.N.H.A.R., temos Merv, o seca-trapo do castelo de Morpheus, contando uma suposta (e um tanto mentirosa) aventura sua para salvar tanto o reino do Sonhar quanto o mundo desperto. Dividida em sete capítulos mais epílogo (todos com nomes que sacaneiam títulos de filmes do James Bond), Willingham investe em situações bizarras e muito pastelão para contar como, muito sem querer, Merv acabou salvando o dia (e a noite).
Em seguida, conhecemos Danny Nod, personagem original criado por Bill para o universo de Sandman, em As Novas Aventuras de Danny Nod, o Heroico Bibliotecário-assistente. Danny percorre mundos e histórias recolhendo volumes que foram emprestados na grande Biblioteca dos Sonhos e não foram devolvidos. O acompanha o filhote de gárgula Gregory, de Abel (a quem, a cada diálogo, Danny chama como o parceiro de algum herói da literatura, como Sexta-Feira, Sancho Pança e etc). É, disparado, a história mais bacana do encadernado.
Para fechar o álbum, Tudo que você sempre quis saber sobre sonhos… Mas tinha medo de perguntar traz uma coletânea de historinhas realmente curtas respondendo a algumas questões sobre o funcionamento cotidiano do Sonhar. Aqui rola algo minimamente bizarro – logo na primeira história (Por que temos pesadelos?), Willingham apresenta sua visão sobre a relação entre o Sonhar e o mundo desperto (que coexistem num sistema de interdependência) e, caramba, é praticamente a mesma lógica de Monstros S.A.! E até pra discutir sobre quem copiou quem fica difícil, já que enquanto a HQ foi lançada em julho de 2001, o filme saiu em novembro do mesmo ano!
No fim, Contos Fabulosos é um álbum até bacana. Ainda que não seja incrível ou inesquecível, tem histórias que divertem. Talvez seu principal seja a oscilação absurda da arte (inevitável quando se tem vários artistas trabalhando num encadernado, e mais ainda quando esse encadernado reúne histórias menores dentro da editora), entre as quais destaco, negativamente, o amador Jason Little, que devia se envergonhar de dividir espaço com Albert Monteys e Kevin Nowlan, por exemplo.
Em resumo, ainda que não seja indispensável, Contos Fabulosos vale a compra: pela série, por acrescentar algo (nem que seja em termos de clima) a Sandman, ou pela relação preço/qualidade do material – mas se tiver alguma outra coisa na banca que você quer muito, não precisa nem ficar em dúvida: pegue o outro material.
Sandman Apresenta: Contos Fabulosos (The Sandman Presents: Taller Tales, exceto por Tessalíada), Panini/Vertigo. De Bill Willingham (roteiros) e colaboradores. 132 páginas, capa dura, R$ 20,90.

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