sábado, 6 de outubro de 2012

Mulher-Hulk: A Musa de John Byrne!

                             
Resenha da Graphic Marvel “A Sensacional Mulher-Hulk”, com roteiro e arte de John Byrne e arte final de Kim DeMulder
Por Rodrigo Garrit
AVISO: Este artigo contém baratas e spoilers.

                         
Ela precisa fugir de um porta aviões aéreo em queda livre, enquanto é perseguida pelos agentes da Shield ao mesmo tempo em que tenta proteger civis inocentes, especialmente seu namorado… tudo isso usando trajes sumários ou simplesmente nua.
E sim, é mesmo tão divertido quanto parece.
Jennifer Walters é uma advogada de sucesso, tem um namorado bonitão, e é cobiçada e invejada por muitos… ela é uma super-heroína, parte integrante do Quarteto Fantástico, tem 2,20 de altura, 294 quilos, olhos… cabelos… e pele verde. Ela pode erguer um caminhão com o dedo mindinho. É prima de Bruce Banner. Mas também é muito mais do que isso. Ela é a sensacional Mulher-Hulk!
                                 
Devido aos problemas de descontrole apresentados pelo Hulk na época da publicação dessa história, a Shield decide investigar a versão feminina e descolada do gigante esmeralda, muito a contragosto de Nick Fury, que decide “lavar as mãos”. O comando vai sendo delegado até membros menos escrupulosos da organização, o que faz com que o que deveria ser apenas uma investigação amistosa torne-se um sequestro brutal em meio ao East Village, onde agentes vestindo armaduras de combate investem pesado contra a verdona estonteante, que resiste bravamente mas acaba sendo teleportada para a base da Shield junto com seu namorado Wyatt e alguns transeuntes que estavam próximos ao ataque.
                       
Não bastasse os óbvios problemas burocráticos internos da Shield entre outras arbitrariedades que culminaram na clara violação dos seus direitos civis, ela foi submetida ainda a alguns constrangimentos desnecessários, dentre os quais ser revistada nua diante de uma equipe de agentes extasiados, e coagida a permitir invasivos testes e análises clínicas, aos quais ela foi obrigada a aceitar para preservar a integridade física de Wyatt e dos outros civis… sendo em seguida jogada exausta numa jaula, como uma aberração perigosa.
                              
Como desgraça pouca é bobagem, um dos pedestres transportados para o porta aviões da Shield estava infectado por uma ninhada de baratas radioativas inteligentes, capazes de controlar hospedeiros humanos ao penetrar seu corpo através do contato boca a boca.
E, sim, é tão repulsivo quanto parece.
Eu avisei que o artigo continha baratas…
                          

Poderia ser mais uma história de amor… mas é apenas uma nojenta transferência de baratas…
John Byrne é apaixonado pela Mulher-Hulk, isso é público e notório. Desde que ele pôs as mãos nela, ela deixou de ser a “Selvagem”, para ser tornar “Sensacional”… colocou-a como substituta do Coisa durante sua elogiada e espetacular passagem pelo título do Quarteto Fantástico, e fez com que ela se se tornasse uma das mais queridas e admiradas personagens da Marvel.
                             
Essa história tem uma premissa simples, porém é muito contundente em sua simplicidade. Eu explico: não temos aqui um roteiro elaborado, repleto de reviravoltas ou tiradas geniais… mas é delicioso ver como ele retrata o cotidiano de uma mulher verde com mais de 2 metros de altura, que chama atenção por onde passa, faz um tremendo sucesso com os homens… e adora tudo isso. Embora possa controlar a transformação e mudar sua forma para a da advogada sem graça, ela passa o tempo todo como Mulher-Hulk, por opção. Ao contrário da criatura irascível que seu primo se tornou, Jennifer vê sua mutação como uma dádiva e está muitíssimo feliz exercendo o papel de heroína. E esse é um dos pontos que faz essa história ser significativa para a personagem.
                             
Essa HQ é um divisor de águas para ela, uma brusca e bem vinda mudança nos rumos que viria a tomar pela frente. Para evitar uma catástrofe que ceifaria milhares de vidas, ela se expõe a níveis altíssimos de radiação. Embora seu poderoso corpo seja perfeitamente capaz de resistir sem nenhum dano, ela perde o dom de reverter à forma humana. E agora, ela se vê obrigada a ser eternamente a Mulher-Hulk, não tendo mais o poder de escolher ser normal. Dizem que só damos valor as coisas depois que perdemos… e embora ela tenha lidado com isso de forma extremamente otimista, sabe em seu íntimo que alguma coisa preciosa se perdeu para sempre.
                           
Byrne é daqueles artistas que dispensa apresentações, a menos que você tenha começado a ler quadrinhos ontem. Ele é um veterano, já tendo trabalhado com praticamente todos os grandes personagens da Marvel e DC, sempre deixando sua marca e uma legião de fãs. Seu traço é uma referência e serve de inspiração para as próximas gerações de grandes artistas.
A Sensacional Mulher-Hulk é uma história com muita ação, humor, sensualidade e uma boa dose de humanidade. É impossível não se apaixonar pela personagem ou não se deixar envolver pelo seu carisma, cultivado com tanto cuidado por Byrne.
E uma ótima lembrança do motivo dos quadrinhos existirem: diversão!

Originalmente publicado no Santuário.

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