“É possível ser melhor que o original?” – Esta é uma típica questão de fanboy quando vê seus clássicos transportados pra outra mídia. Me deparei com ela assistindo Superman vs The Elite, adaptação da famosa Action Comics #775, escrita por Joe Kelly e com desenhos de Doug Mahnke e Lee Bermejo.
Com o fim do filme, corri pro monte de revistas guardado na estante e
reli a HQ, considerada uma das melhores histórias do Azulão, só pra ter
certeza absoluta na minha resposta. E sim, a transposição dos comics
para o desenho animado ficou melhor que o original!
A DC/Warner acertou em cheio quando chamou o próprio Joe Kelly pra assumir o roteiro da adaptação. A experiência dele dentro do Man of Action
(coletivo criativo que também conta com outros artistas oriundos dos
quadrinhos como Duncan Rouleau, Joe Casey e Steven T. Seagle) ajudou
muito. Se é que tem alguém que ainda sabe, eles são criadores das séries
animadas Ben 10 e Generation Rex, ambas exibidas no Cartoon Network.
Com esta bagagem toda vemos um escritor com total naturalidade e domínio
na função de roteirista da animação.
“Mas melhorou onde?”
As melhoras vêm do fato de que Joe Kelly pode dar um melhor
desenvolvimento às suas crias. Os personagens da Elite foram
aprofundados – Manchester Black, por exemplo, tem um background cheio de mentiras e intrigas dignas agentes secretos ingleses ligados ao MI-5. Chapéu se estabelece de vez como o carismático beberrão. Zoológica
mostra todas suas asinhas. Joe também cuida bem dos outros personagens,
sem falar que há muito tempo não via uma Lois Lane tão interessante.
Para os saudosistas do casal Lois e Clark, a história é um prato cheio.
Claro que a revista era uma edição especial na qual o autor só teve
40 páginas pra contar toda história do grupo. Por isso mesmo, a
oportunidade dada Joe Kelly para revisitar esse projeto foi um belo
presente ao autor. Ele retribui os fãs da HQ destilando ironia em piadas
acidas e muita ação que pontuam o decorrer das cenas, remetendo a
grandes momentos de escritores ingleses radicados nos comics americanos.
Os novos elementos das personalidades ajudam o autor a aprimorar os
contornos usados no conceito original que guiava a história. A Elite foi
criada como um grupo análogo ao Authority de Warren
Ellis, personagens extremamente agressivos acima do bem e do mal, o
ápice dos tão aclamados anti-heróis, desde o seu surgimento da Image
nos anos 90. Meia-Noite e Cia eram o completo oposto dos valores que
heróis “certinhos” e “antiquados”, como Superman, representavam.
O grande barato da história e exatamente este questionamento ao qual o
Superman é exposto, colocando o Kryptoniano de frente com esse novo
modelo de heróis e assim fazendo-o voltar para si mesmo e reavaliar se
seus métodos tido como ultrapassados e descobrir se ainda são
relevantes num mundo tão “cinza”, como o que vivemos no mundo pós 11 de
setembro.
O ponto alto do desenho animado fica por conta da sequencia em que o
Superman “acorda pra vida” e sai quebrando tudo; se você acha que o
Superman jamais protagonizaria uma cena que rivalize com os momentos de
intimidação que o Batman aplica aos gatunos de Gotham, colocando-os de
cabeça pra baixo no topo dos arranhaceus em busca de informações, digo
que este desenho animado pode mudar seus pontos de vista. É assustador
ver o Superman perdendo o controle e partindo pra cima anti-herói
ingles.
Também vale citar que a atuação de Robin Atkin Downes
dando voz à Manchester Black, com seu típico sotaque londrino, dá o tom
certo para a verborragia venenosa da personagem. Pra mim, o desenho
animado ficou ali juntinho com a Liga da Justiça – A nova fonteira como
as melhores animações dessa leva de adaptações feitas para o mercado de
DVD que a Warner/DC produziu nos últimos anos.
fonte: tera zero
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