quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Saga de Brian K. Vaughan - A revista em quadrinhos do ANO!

Desde quando foi anunciada a volta de Brian K. Vaughan aos quadrinhos, na Comic-Con de San Diego, ano passado, uma tonelada de atenção se voltou para Saga, a próxima série da Image Comics. Para aqueles que não sabem, Brian K. Vaughan é o escritor magistral responsável por ‘Y: O Último Homem’ e ‘Ex Machina’, bem comoRunaways e Logan, da Marvel, e do ‘Orgulho de Bagdá’, uma OGN também da Vertigo.



Dramas pessoais em meio a uma convulsão social

Brian K. Vaughan

Saga #1 começa com um cenário distintamente humano: marido e mulher regozijando-se com o nascimento de seu filho. É claro que o contexto em que isso ocorre é bem extremo: Alana e Marko, membros de duas espécies em guerra, lutam para proteger seu bebê enquanto são caçados por múltiplas facções de seus próprios mundos, assim como outras organizações a parte, cujos motivos ainda não foram revelados. Em Saga, vemos claramente uma reformulação da tragédia escrita por William Shakspeare, que pode ser resumida a um ‘Romeu e Julieta no espaço’.

Sem ufanismo


O autor optou por empregar uma narração em primeira pessoa, onde Hazel, a criança recém-nascida, conta a história de seus pais e de sua infância a partir de um ponto distante no futuro. Ela explica a guerra de longa data entreLandfall e Wreath, e como ela se espalhou para outros planetas, obrigando cada espécie a escolher um lado – planeta ou lua. Enquanto isso alivia o medo ao que diz respeito à morte da criança, como o Explorador pode ver pelo estilo de narrativa, muitas são as dúvidas sobre como o destino dos personagens foi selado para que ela sobrevivesse, o que acaba por construir o suspense da história.



A questão sobre a guerra muito lembra alguns conceitos de Star Wars: uma luta entre dois lados pelo domínio da galáxia, planetas que são coagidos à tomar um partido e raças que tentam se manter na neutralidade esquivando-se da guerra em si; são ideias que nos permitem até mesmo traçar paralelos sutis com a nossa própria realidade (conquista pelo poder, divisão de classes, racismo), mostrando que o sci-fi e a fantasia muitas vezes podem ser um reflexo muito bem camuflado da nossa sociedade.

Sem maniqueismo


Nós podemos encontrar gêneros muito diferentes nessescomics. Eu diria que estão todos lá, com exceção ao marcado jogo entre ‘bem e mal’ das revistas de super-heróis. Nenhum dos lados é posto como herói ou vilão, ambos se vêem como bons, é claro, mas ainda sim fazem escolhas que os colocam na vertente ‘a ser temida’. A perspectiva traçada para cada facção de caçadores promete ser muito interessante, isso porque o povo de Alana é mais ficção científica, enquanto o de Marko é mais fantasia. É um caráter adicional além da famigerada crença que ambos têm de ganhar a guerra e acabar com a outra raça.

Personagens densos e bem trabalhados

Alana e Marko

BKV trabalha a humanidade de seus personagens em um aspecto que – quando bem feito – o leitor passa a ser mais do que um voyeur. Cada página exala emoção, você se envolve, sente o que cada personagem sente, se preocupa, quer respostas, elabora soluções, conversa com os protagonistas; estabelecemos uma ligação emocional até mesmo com quem parece ser um monstro na história. É uma experiência única que faz valer a pena o tempo investido.

Acompanhados de elaborada arte gráfica


Lembrando que nada disso funcionaria sem a impecável execução visual de Fiona Staples.Saga ao mesmo tempo que é bela e arrebatadora, é ousada e expansiva. Se BKV tem as cartas na mão, Fiona Staples tem os elementos chave que permitem a natureza evocativa da história. Estou poupando os comentários para que você sinta o arrebatamento quando a olhar pela primeira vez.

Os lançamentos continuam com a responsabilidade daImage Comics


Estamos na edição #6, a próxima só virá dia 14 de novembro. Quem quiser a #1, pode acessar esse link da comiXology e ler de graça. Vaughan e Staples conseguiram fazer de Saga, uma das melhores séries de quadrinhos de 2012. Se você quer uma história em quadrinhos grande, você tem que pegá-la, porque é definitivamente um desses momentos especiais quando algo realmente intenso dá o ar da graça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário