quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Absolutamente Tudo o que você sempre quis saber sobre Batman, mas tinha preguiça de procurar



Esse Mega Post foi escrito pelo excelente Alexandre Callari em um dos meus sites preferidos, o Pipoca com Nanquim
Abaixo você confere uma das melhores matérias feitas sobre o Batman que eu já vi. Desde já meu muito obrigado ao Callari pelo texto fantástico.


No dia 14 de julho de 2008 era lançado mundialmente um filme que excedeu as previsões de todos os analistas da indústria cinematográfica, mesmo os mais otimistas. O Cavaleiro das Trevas, seqüência do excelente Batman Begins de 2005 foi lançado em 4.366 salas apenas nos Estados Unidos e em seu final de semana de estréia, arrecadou incríveis 155 milhões de dólares. Ao todo o filme rendeu mundialmente mais de 1 bilhão de dólares somente em bilheteria, tendo gerado também uma fortuna incalculável em merchandising. O interesse pelo homem-morcego contaminou toda uma nova geração e o personagem tornou-se uma verdadeira febre em todo o mundo. Contudo, o que vários dos jovens que prestigiaram este longa metragem não sabe é que este incrível personagem tem uma história longa, cheia de altos e baixos, que remete aos tempos de seus avós.
Batman foi apresentado ao público pela primeira vez em maio de 1939, na revista Detective Comics #27. Seus criadores, Bob  Kane e Bill Finger, jamais imaginariam que aquele personagem sombrio, baseado em uma criatura da noite se tornaria um ícone da cultura pop e seria reconhecido como uma das maiores criações da história da literatura ficcional de todos os tempos. Com o passar dos anos, Batman migrou dos quadrinhos para outras linguagens, como desenhos animados, cinema, livros e vídeo games. Hoje em dia são vendidas esculturas do homem-morcego, pinturas, pôsteres, camisetas e todo tipo de produto estampando o famoso morcego com a lua amarela ao fundo.
Bob  Kane e Bill Finger:
 
Bat-produtos:
O interesse contínuo do público por um personagem septuagenário é no mínimo intrigante. No passado, heróis como o Fantasma, Tarzan e Flash Gordon eram os favoritos do público e suas aventuras chegaram a vender até mais do que as de outros, como Superman e o próprio homem-morcego. Porém, a partir do início dos anos 60, num processo longo e progressivo, a mentalidade do público começou a mudar até que, após a década de 80, com o término da Guerra Fria, os leitores definitivamente queriam algo diferente. O mundo não era mais o mesmo e personagens mais inocentes, oriundos de outra época, começaram a perder a conexão que tinham com seus leitores. Apesar dos esforços de editoras e artistas, esse período marcou o fim de uma era, ao mesmo tempo em que dava o pontapé inicial para o início de outra com a ascensão de personagens mais sombrios, como Wolverine e Justiceiro. Curiosamente, foi o próprio Batman quem desencadeou esse processo com o lançamento da HQ O Cavaleiro das Trevas, do então medianamente conhecido Frank Miller. Porém, Batman enfrentou um longo caminho para chegar até o topo, que remonta a sete décadas atrás.
A Criação e seus Criadores
O ano era 1937. Chegava às bancas dos EUA a revista Detective Comicsuma publicação da Editora National que foi a primeira periódica de histórias em quadrinhos que continha histórias inéditas dedicadas a um único gênero. Contudo, não foi por este motivo que a publicação tornou-se lendária, nem tampouco por conta dos diversos personagens de pouca expressão que ela publicou de 1937 a 1939. O que fez da revista um marco no mercado de quadrinhos e a tornou inclusive a mais longeva publicação da área foi a estreia de um personagem no número 27.  Batman, o Cruzado Encapuzado, surgia cercado de mistério e expectativa e tornou-se imediatamente o protagonista da publicação.
Capas da Detective Comics na Era Pré-Batman:
À exemplo do que era comum na época, Batman nasceu sem poderes especiais. Suas habilidades vinham de um preparo físico e mental excepcionais ao qual ele próprio se submetera por vontade própria. Sua inteligência acima da média e sua capacidade de dedução equiparavam-se à dos grandes detetives, como Sherlock Holmes, mas havia ainda algo mais. O que o movia por dentro era a força de uma tragédia. O espírito da vingança por conta da morte de seus pais nas mãos de um assaltante. O público identificou-se de imediato com o ocorrido.
O personagem foi criado pelo desenhista Bob Kane e pelo escritor Bill Finger como uma maneira de aproveitar a onda de sucesso que havia sido desencadeada um ano antes com o lançamento do Superman, na revista Action Comics. Foi Whitney Ellsworth, supervisor das publicações da National na época, quem solicitou a criação do herói.
Dizem que para compor seu personagem, Bob Kane inspirou-se no visual de Black Bat, um justiceiro dos pulps norte americanos criado por Murray Leinster que apareceu na revistaBlack Bat Detective Mysteries nos anos de 1933 e 1934. Outras versões garantem que o desenhista buscou inspiração no filme Nosferatu, clássico do cinema de horror que F. W. Murnaudirigiu em 1922. A idéia de dupla identidade e do fato do herói ser um milionário teria vindo de A Máscara do Zorro, de 1920, longa estrelado e produzido por Douglas Fairbanks e a inspiração do bat-sinal veio do filme The Bat, de 1926. Dizem ainda que programas de rádio como The Shadow influenciaram a atmosfera sombria das histórias. Seja como for, a idéia desde o início era que o personagem fosse assustador e inspirasse medo aos criminosos. Nesse sentido, o morcego funcionaria perfeitamente para esse propósito.
Curiosidade: No Brasil, Batman chegou alguns anos depois de sua criação, aportando em terras tupiniquins na publicação O Lobinho, de Adolfo Aizen, na década de 40. Chegou a ser chamado de Morcego Negro no Globo Juvenil e depois apenas Homem Morcego. Apareceu também na publicação O Guri, contudo a revista solo veio somente em 1953, pela editora Ebal.
A Origem
A origem de Batman foi mostrada pela primeira vez em Detective Comics #33, de novembro de 1939, mas foi apenas muito tempo depois, em Batman #47, de junho de 1948, que sua história saiu com maiores detalhes.
Bruce Wayne era filho do Dr. Thomas Wayne, um respeitável médico e de sua mulher Martha. Bruce foi criado por seus pais na Mansão Wayne até os oito anos, quando a tragédia que mudaria sua vida ocorreu. Joe Chill, um ladrão pé de chinelo, assassinou seus pais quando voltavam para casa depois de assistir a um filme no cinema. Após o ocorrido, originalmente Bruce teria sido criado por seu tio, Philip Wayne, personagem que foi abandonado da cronologia posteriormente.
Jurando vingar-se, Bruce treinou seu físico e intelecto, tornando-se especialista em diversas artes marciais. Estudou todas as áreas do conhecimento humano que poderiam lhe ser úteis, incluindo química e criminologia. Também aprendeu sobre disfarces e técnicas teatrais, entretanto, ele sabia que apenas o uso dessas habilidades não seriam o bastante para levar o medo ao coração dos criminosos.
Com a certeza desse pensamento, ele elaborou um disfarce cujo único propósito seria assustar bandidos que eram, segundo seu entendimento, supersticiosos e covardes por natureza. Inicialmente, o herói não era aceito pela polícia, sendo considerado um empecilho e muitas vezes um alvo. Foi apenas no começo da década de 1940 que o homem-morcego ganhou a simpatia dos homens da lei.
Curiosidade: Batman não se negava a usar armas de fogo em suas primeiras aventuras, idéia que hoje pode parecer bastante estranha aos fãs. Na verdade, na década de 40 o uso de armas era uma constante, inclusive nas aventuras que se passavam durante a II Guerra Mundial.
A Galeria de Personagens
A enorme quantidade de bons personagens coadjuvantes que fazem parte do universo do homem-morcego é sem dúvida um ponto alto em favor de sua popularidade. Batman tem a maior galeria de vilões do mundo dos quadrinhos de super-heróis, os mais inventivos, os mais interessantes. Com o passar do tempo, a cidade de Gotham, local imaginário onde se passam suas aventuras, passou a abrigar os mais variados tipos, como o Coringa, Charada,Pinguim, Duas-Caras, Ra’s Al Ghul, Hera Venenosa, a Mulher-Gato, Hugo Strange, o Espantalho, Bane, entre tantos outros. Em suas aventuras, Batman também se vê freqüentemente às voltas com a Máfia e criminosos comuns.
Bat-vilões:
Mas não é apenas do outro lado da lei que encontramos bons personagens. Em abril de 1940, em Detective Comics #38, surgia pela primeira vez Robin, o eterno parceiro mirim de Batman. O personagem cresceu rapidamente em popularidade, talvez porque os jovens passaram a se identificar mais com ele do que com seu mentor, que já era um adulto. A interação da dupla alterou a dinâmica das histórias profundamente e trouxe algo de novo aos quadrinhos de heróis, um frescor até então inexplorado. A resposta do público foi cada vez mais positiva e as vendas dobraram. Dick Grayson, o Robin original, também viveu uma tragédia quando seus pais foram assassinados. Após o ocorrido, ele passou a combater o crime sob a tutela de Batman.
Na cronologia oficial, já houveram três Robins. Jason Todd, o segundo, foi assassinado pelo Coringa em uma impactante história chamada Morte em Família. Tim Drake foi a terceira pessoa a vestir o uniforme e gozou de uma ampla aceitação por parte do público. O Robin original, Dick Grayson, assumiu uma nova e tornou-se o Asa Noturna.
O Comissário Gordon, outro coadjuvante querido dos leitores, sempre esteve presente nas aventuras do herói. Sua primeira aparição foi na edição de estréia de Batman, Detective Comics#27 e sua personalidade justa e incorruptível era bem próxima da que conhecemos hoje.
O incansável mordomo Alfred surgiu em 1943, na revista Batman #16 e sua história original diferia muito da atual. Se hoje o mordomo foi o responsável pela criação do jovem Bruce Wayne, chegando ao ponto de ser legalmente seu guardião; quando do momento de sua estréia, Alfred Beagle já conheceu Bruce Wayne adulto e teve que lutar bastante para ganhar sua confiança. O nome do personagem foi alterado posteriormente para Alfred Pennyworth e persiste até hoje.
A Batgirl é outra que só viria muitos anos depois, em 1961, na edição #233 da Detective Comics e, a exemplo do que ocorre com outros coadjuvantes, ela era originalmente bastante diferente da versão atual. A primeira Batgirl se chamava Betty Kane e era filha da Bat-Woman, personagem que surgira anos antes, em 1956. Barbara Gordon, a filha do comissário Gordon e quem realmente se eternizou na pele da heroína, foi criada apenas no distante ano de 1967, na revista Detective Comics #359.
Curiosidades: Ambos o Coringa e a Mulher-Gato (chamada inicialmente apenas de The Cat) debutaram juntos em Batman #1, em 1940. O emblemático Batmóvel estreou na edição #48 da Detective Comics, em fevereiro de 1941 e o Pinguim na #58, em dezembro do mesmo ano.
Batman Fora dos Quadrinhos
De olho no sucesso do personagem, não demorou muito para a indústria cinematográfica levar o homem-morcego para as telas. Naquela época quando a televisão ainda não existia, era bastante comum a exibição nos cinemas de séries de curta duração nas matinês e o principal filão que inspirava os produtores eram os quadrinhos. Flash Gordon, Fantasma, Capitão América, Superman, Capitão Marvel, Mandrake e tantos outros estrelaram suas próprias aventuras. Com Batman não foi diferente.
O morcego fez seu debut nas telonas em 1943, numa série em 15 capítulos produzidos pela Columbia Pictures intitulada The Batman. No papel principal tínhamos Lewis Wilson e Douglas Croft como Robin. No filme, inspirado pela época brutal que o mundo atravessava, a dupla dinâmica enfrentava o Dr. Daka, um terrível cientista japonês que queria dominar os Estados Unidos. A 2ª. Guerra Mundial ainda estava longe de acabar e a escolha de um vilão oriental era perfeita para o momento. A série, que chegou ao Brasil com o título O Morcego, ao contrário de grandes seriados da época como o Flash Gordon de Buster Crabbe, tinha orçamento pequeno e qualidade sofrível.
Stacy Harris
Stacy Harris
Demorou seis anos para o herói voltar a ser interpretado em carne e osso. Nesse meio tempo, um programa de rádio chegou a ser produzida com Stacy Harris fazendo a voz de Batman e Ronald Liss a de seu parceiro mirim. Posteriormente, Harris foi substituído por Matt Crowley. O programa foi ao ar em setembro de 1945 e obteve índices razoáveis de audiência.
Em maio de 1949, entretanto, uma nova série da Columbia estreava, com uma produção melhor e mais requintada que sua antecessora. Batman and Robin contava com Robert Lowery e John Duncan no papel da dupla central, Lyle Talbot como o Comissário Gordon e Jane Adams interpretando a repórter Vicky Vale. A direção ficou a cargo de Spencer Bennet e no Brasil a série recebeu o nome de A Volta do Homem-Morcego.
 
Após passar 17 anos longe das telas, em janeiro de 1966 estreava a famosa série de TV, que se tornou emblemática e fez um sucesso estrondoso. O clima sombrio das histórias foi abandonado e o programa foi concebido como uma comédia, graças à visão do produtor William Dolzier. A dupla de heróis foi interpretada por Adam West e Burt Ward, dois atores desconhecidos que da noite para o dia, tornaram-se celebridades. Em agosto do mesmo ano saiu nos cinemas o longa metragem Batman: The Movie, com os vilões, Coringa, Pingüim, Charada e a Mulher-Gato. Em seu total foram produzidos 120 episódios, mas com o passar do tempo, o público foi perdendo o interesse pelo programa, mesmo com a introdução de novos personagens, como a Batgirl, interpretada por Yvonne Craig. Em 1977, West e Ward reviveriam seus papéis no telefilme Legends of Super-Heroes, inédito no Brasil, que foi uma tentativa desastrosa de recriar na TV a Liga da Justiça.
Mas talvez tenha sido nas animações que Batman encontrou seu verdadeiro filão, com diversos desenhos animados tendo sido produzidos ao longo das décadas. Em setembro de 1968, na esteira do sucesso da série de TV, estreava na rede CBS o primeiro desenho animado, chamado The Batman / Superman Hour. A partir de então, o homem-morcego teve uma longa e duradoura relação com a telinha. Em 1973 veio o mundialmente celebrado Superfriends, série na qual Batman era um dos protagonistas. Em 1977, foi a vez da série The New Adventures of Batman, com as vozes de Adam West e Burt Ward. As animações congelaram durante a década seguinte, mas em setembro de 1992 era lançado The Adventures of Batman & Robin. No dia 25 de dezembro de 1995, uma inovação: o longa metragem animado Batman: The Mask of the Phantasm. O sucesso de público e crítica foi absoluto. Em 1997, o segundo longa metragem do morcego direto para o mercado de vídeo,Batman & Mr. Freeze: Sub-Zero, mas em setembro do mesmo ano, o produtor Bruce Timm, profundo conhecedor do universo do homem-morcego, lança Batman: The Animated Series, com um design mais simples e um tom mais leve. A série muda de nome e se torna Gotham Knights e os primeiros três episódios apresentam um crossover do homem-morcego com Superman, compilado depois em um único volume chamado World’s Finest, ou The Batman & Superman Movie.
Em 1998, para surpresa geral de todos os fãs, um novo e espetacular conceito do herói foi concebido: Batman Beyond. Num futuro próximo, o manto do morcego é passado de um Bruce Wayne envelhecido para o jovem Terry McGinnis, um adolescente que descobre a Bat-Caverna e os segredos de Wayne. Este longa animado deu o pontapé inicial para uma nova série, que saiu em janeiro de 1999 e durou três anos. Batman Beyond rendeu 52 episódios e mais um longa metragem: The Return of the Joker, considerado por muitos como um dos melhores filmes já feitos do herói, animado ou não. Em 2003 outro filme animado chegou às locadores, Batman: Mystery of the Batwoman e em 2004 foi a vez da série The Batman, no cartoon Network. Em 14 de novembro de 2008 estreou nas telinhas Batman: The Brave and the Bold, uma nova série que a cada episódio reúne o morcego a algum outro herói do universo DC.
Aproveitando a excitação em torno do personagem iniciada com o lançamento de O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, a carreira do personagem no cinema foi retomada no ano de 1989, pelas mãos do diretor Tim Burton, até então pouco conhecido do público. Temendo um retorno ao clima cômico marcado pela série de TV, os fãs logo começaram a protestar contra a escolha do diretor, que até então só havia dirigido duas comédias. Como forma de aplacar os ânimos, Burton tratou de escalar o veterano Jack Nicholson para o papel do Coringa.  Contudo, quando o ator que viveria o personagem central foi anunciado, as coisas desandaram. Michael Keaton em nada se parecia com a figura do morcego ou mesmo de Bruce Wayne. No entanto, a escolha de Burton logo foi justificada pela criação da armadura, um recurso inédito até então. Os fãs resolveram aguardar pelo resultado final e o filme acabou sendo um sucesso explosivo de bilheteria, gerando mais três continuações.
Batman Returns, de 1992, repetiu a parceria Burton & Keaton e como novidade trouxa ainda Danny DeVito no papel do Pingüim e a sedutora Michelle Pffeifer interpretando a Mulher-Gato. Apesar da ambientação correta e sinistra de ambos os longas, muitos fãs torcem o nariz para essas adaptações por conta das liberdades tomadas pelo diretor. O público, contudo, mais uma vez respondeu positivamente e o longa foi novamente sucesso de bilheteria.
Os anos seguintes foram, entretanto, difíceis para os fãs. Com a saída de Burton na direção, entrou Joel Schumacher, que tinha sua própria visão do que os novos filmes do morcego deveriam ser. Inspirado na série de TV, Joel lançou Batman Forever em 1995 com Val Kilmer no papel do morcego. Apesar do time de atores de primeiro nível que contava com Nicole Kidman, Jim Carrey, Tommy Lee Jones e Chris O’Donnell no papel de Robin, o filme foi um equívoco do começo ao fim. Dois anos depois, em 1997, quando os fãs achavam que a coisa não podia piorar, Joel lançou Batman & Robin, com George Clooney no papel principal e Arnold Schwarzenegger e Uma Thurman interpretando os vilões. O filme, um atentado ao bom senso, inexplicavelmente rendeu uma bilheteria razoável, o que não impediu a série de ser sepultada durante uma década.
Curiosidade: O close das NÁDEGAS de Batman enquanto ele veste as calças de seu uniforme com um zíper entre os glúteos, no filme Batman Forever, é até hoje uma das cenas mais execradas pelos fãs de histórias em quadrinhos.
O prestígio do homem-morcego nas telonas só foi recuperado com o lançamento do excelente Batman Begins, em 2005. Dirigido por Christopher Nolan e roteirizado por David Goyer, o filme era tudo o que os fãs queriam. Sério, sombrio, sinistro, fiel ao personagem. Com um roteiro inteligente, vilões assustadores e, acima de tudo, um protagonista convincente: Christian Bale. O elenco ainda conta com coadjuvantes de peso, como Michael Caine, Morgan Freeman, Gary Oldman, Ken Watanabe, Katie Holmes, Rutger Hauer e Lian Neeson.
Três anos depois, parte do elenco principal se reunia para reprisar seus papéis no excepcional The Dark Knight. O filme, um dos maiores sucessos da história do cinema, foi unanimidade entre os fãs e críticos e garantiu ao ator Heath Ledger um Oscar póstumo por sua bombástica performance no papel do Coringa. Também trabalham no longa Aaron Eckhart, no papel de Duas Caras e Maggie Gyllenhaal, substituindo Kate Holmes.
Curiosidade: Há pelo menos dois produtos derivados do universo de Batman que têm alguma relevância, o longa Mulher-Gato, de 2004, dirigido por Pitof e estrelado pro Halle Berry e Sharon Stone e a série de TV Birds of Prey, lançada dois anos antes, em 2002. A série trazia aventuras da Caçadora, Oráculo e Canário Negro e apesar do sucesso de público, inexplicavelmente durou apenas 13 episódios.
Cavaleiro das Trevas – Um Divisor de Águas
A série de TV dos anos 60 pode ter sido um sucesso estrondoso, contudo, uma vez passada a animação inicial por ela gerada, o personagem caiu em descrédito. Os quadrinhos começaram, erroneamente, a assumir o tom cômico do seriado, o que gerou o descontentamento de muitos leitores que estavam habituados a um personagem mais maduro e sério. Batman nunca correu de fato o risco de ser cancelado e mandado para o limbo, sua popularidade era bastante grande, contudo ele não era mais levado a sério pela maioria. Em determinado momento, a DC Comics simplesmente não sabia mais o que fazer com ele. Foi só nos anos 70 que o escritor Denny O’Neil decidiu recuperar o prestígio que o herói gozara outrora. Ao lado de artistas excepcionais como a lenda Neal AdamsDenny tratou de escrever histórias soturnas e violentas, resgatando o tom adulto que o personagem tinha no início de sua carreira. Dentre as principais contribuições dessa fase, vale citar a criação de Ras Al Ghul, hoje um dos principais vilões da galeria do herói e a ênfase dada ao lado detetivesco do Cruzado Encapuzado.
Denny O’Neil, Neal Adams e Frank Miller:
Esse processo de renascimento foi coroado de vez com o lançamento em 1986 daquela que é até hoje celebrada como uma das melhores histórias já escritas: The Dark Knight Returns, batizada no Brasil de O Cavaleiro das Trevas. A série, dividida em 4 edições, mostrava um possível futuro no qual Bruce Wayne já aposentado via diante de seus olhos a deterioração política, cultural e social do planeta. A cidade de Gotham está até o pescoço atolada em uma crise de violência e crime e a própria existência de Batman é tratada pelos mais jovens como uma espécie de lenda urbana. Afetado pela força dos acontecimentos, e padecendo de uma enorme crise psicológica, Bruce resolve voltar à ativa neste mundo absolutamente manipulado por forças governamentais contrárias aos ideais de liberdade e expressão, com uma população adormecida e perdida, numa época na qual não existem mais heróis e o planeta se encontra à beira de um holocausto nuclear.
A HQ não só alçou Frank Miller à condição de gênio, como também foi um marco na história dos quadrinhos, provando definitivamente que os chamados comics poderiam ser voltados para um público adulto, afastando-os de vez do estigma da infantilidade. O Cavaleiro das Trevas desencadeou a febre das Graphic Novels e abriu terreno para o lançamento de séries adultas como Sandman. Indubitavelmente, a partir de então, este novo Batman que declarara guerra contra o crime de forma tão veemente, tornou-se o personagem símbolo de toda uma geração.
Curiosidade: A mini-série O Cavaleiro das Trevas foi uma aposta alta da Editora Abril, com seu formato americano e papel especial. Contudo, por muito pouco ela não foi publicada em formatinho e com papel de segunda qualidade. A decisão de lançar a série com alta qualidade da forma como foi feita veio apenas com um empurrão do Caderno 2, do jornal O Estado de São Paulo, que fez uma reportagem na primeira página com o personagem.
Os Artistas Mais Importantes
Muitos desenhistas deram sua contribuição ao personagem Batman ao longo das décadas. Alguns desenharam o homem-morcego por anos, outros tiveram passagens relâmpago, porém marcantes e mesmo artistas que trabalharam a maior parte de suas carreiras para a Marvel, como Sal Buscema ou Barry Smith, em algum momento encontraram oportunidade de desenhar o homem-morcego. A lista a seguir, apesar de tremendamente incompleta, compila alguns dos nomes mais importantes.
Bob Kane – criador do personagem, junto com o roteirista Bill Finger. Concebeu um Batman sombrio, com vestes negras e o morcego no peito sem a lua atrás.
Dick Sprang – começou a desenhar o Batman em 1941 (ainda que suas primeiras aventuras tenham demorado anos para serem publicadas) e permaneceu no personagem pro décadas, tendo inclusive desenhado o título World’s Finest, no qual Batman dividia aventuras com Superman, de 1955 a 1962. É responsável por, entre outras coisas, o visual do Charada e do Batmóvel de 1948, um dos mais conhecidos.
Win Mortimer – apesar de ser bastante lembrado como o desenhista de uma fase essencial do Superman, Win desenhou um número irreal de capas para a DC de 1946 a 1955, incluindo todos os títulos do homem-morcego: Detective Comics e Batman, World’s Finest, além de ter produzido várias histórias do detetive das sombras.
Sheldon Moldoff – desenhou de 1953 a 1967, contudo suas ilustrações eram creditadas a Bob Kane. O mesmo ocorria a outros artistas da época, que desenhavam sob a supervisão de Kane, buscando assemelhar o seu traço ao dele. Naquela época, a quantidade de páginas que a DC exigia era de 350 páginas anuais. Para cumprir o cronograma, Kane empregava por conta própria vários desenhistas-fantasmas.
Dick Giordano – a maior parte dos leitores conhece Giordano como arte-finalista, principalmente por sua parceria fenomenal com Neal Adams, contudo ele também atuou bastante como desenhista do morcego. Foi também editor da DC na década de 60 e em 1980 criou o design do famoso logotipo do Batman, no qual as letras da palavra têm a forma de um morcego.
Carmine Infantino – um dos mais influentes artistas de todos os tempos, chegou a ser Diretor Editorial da DC em 1967 e foi ainda Presidente/Gerente Editorial de 1972 a 1976. Carmine foi responsável pelo novo design do Batman a partir dos anos 60. Sua parceria com o escritor Julius Schwarts salvou o título do marasmo no qual se encontrava por conta de escolhas equivocadas de artistas anteriores e empregou novo fôlego a série, investindo principalmente no lado detetive do herói. Fã confesso de Oscar Nyemeyer, ele empregou à sua Gotham um visual arquitetônico como jamais fora visto antes, além de redesenhar também o batmóvel e tornar a própria figura do homem-morcego algo bastante diferente do que era, mostrando-o muito mais ágil, forte e esbelto.
Neal Adams – possivelmente o maior artista de Batman de todos os tempos, Adams assumiu o herói juntamente com o escritor Denny O’Neil em uma época no qual ainda sobravam resquícios da antiga série de TV. Contudo, o clima alegre e descontraído que marcava o programa televisivo não tinha nada a ver com a visão desses dois artistas para o homem-morcego.
Jim Aparo – importantíssimo artista a desenhar o morcego, Aparo esteve à frente do personagem por quase três décadas, tendo assumido diferentes títulos nesse período. Alguns dos momentos mais marcantes da carreira do personagem ocorreram sob sua pena, incluindo a saga Morte em Família, com a morte de Robin.
Marshall Rogers – começou a desenhar Batman em 1977, fazendo dupla com o escritor Steve Englehart. Desenhou apenas oito edições, mas causou um furor quase tão grande quanto o próprio Neal Adams, uma década antes. A parceria de ambos privilegiou um Batman detetivesco que ajudou a definir a versão do morcego que temos hoje.
Frank Miller – foi o artista responsável não só pela revitalização definitiva do Batman, como também pela concepção realista e adulta que as HQs passaram a adotar a partir de meados da década de 80. Mudou o panorama da indústria quadrinhística com sua obra definitiva O Cavaleiro das Trevas, considerada até hoje como uma das melhores histórias de todos os tempos. De quebra, reescreveu a origem do Batman na série Ano Um e seu trabalho foi primoroso que até hoje sua versão permanece aceita e inalterada, ao contrário do que ocorreu com o trabalho de outros artistas que reviveram outros heróis no mesmo período.
Kelley Jones – artista controverso, seu traço tem tantos defensores quanto detratores. Jones é lembrado por ter desenhado a saga vampiresca de Batman composta por diversas mini-séries e pelo seu trabalho junto ao escritor Doug Moench na revista Batman. Retratou o homem-morcego com um uniforme inteiramente negro, remetendo diretamente às origens do personagem.
David Mazzucchelli – David trabalhou junto com Frank Miller na excepcional mini-série Batman – Ano Um, que reconta a origem do homem-morcego. O artista deixou muitas saudades ao público, pois na década de 90 abandonou os quadrinhos comerciais e se concentrou em trabalhos próprios e alternativos.
Bernie Wrightson – Um dos mais importantes desenhistas da DC Comics, Bernie foi entre outras coisas o co-criador do Monstro do Pântano. É lembrado com carinho pelos fãs por conta do trabalho que fez na série O Messias, com argumentos de Jim Starlin.
Mike Deodato – a passagem do brasileiro Mike Deodato pelos títulos de Batman foi rápida, porém merece ser destacada. Durante o final da década de 90, Deodato desenhou cinco edições do morcego para a saga Terra de Ninguém. De lá para cá, fez também algumas capas, as quais grande parte permanece inédita no Brasil.
Agora uma lista longa e maluca de grandes quadrinhistas que trabalharam com o morcego.
Walt Simonson – Al Milgrom – Paul Neary – Steve Yeowell – Roger Robinson – Sid Greene – Norm Breyfogle – John Byrne – Jim Lee – Jim Balent – Alex Ross – Matt Wagner – Russ Heath – Scott McDaniel – Jim Starlin – Brian Bolland – John McCrea – Matt Broome – Sam Keith – Tim Sale – Val Semeiks – Tony Harris – Simon Bisley – Rick Burchett – Alcatena – Sean Phillips – Simone Bianchi – Tommy Castillo – Frank Robbins – Mark Bagley – Bill Sienkiewicz – José Luis Garcia-Lopez – Frank Quitely – Graham Nolan – Ramon Bachs – Sergio Cariello – Seth Fisher – Shawn Martinbrough – Shawn McManus – Joe Giella – George Perez – Michael Turner – Mike Mignola – Gary Frank – John Romita Jr. – Ernie Chan – Bruce Timm – Dave Johnson – Eduardo Barreto – Whilce Portacio – Will Simpson – Ed McGuinness – Dan Jurgens – Andy Kubert – Jon Cassady – Joe Quesada – Matt Broome – Roger Langridge – Rafael Kayananan – Steve Cummings- Frank Springer – Steve Lieber – Scott Hampton – Irv Novick – Sam Keith – Steve Yeowell – Travis Charest – Todd McFarlane – Tom Mandrake – Russ Heath – Sean Philips – Tim Bradstreet – Ron Wagner – Pat Lee – Kieron Dwyer – Klaus Janson – Steve Mannion – Steve Scott – Rags Morales – Pete Woods – Phil Hester – Lee Moder – Leinil Yu – Mike Zeck – JG Jones – Joe Kubert – Kevin Nowlan – Greg Land – Howard Porter – J. Scott Campbell – Andy Clarke – Alan Davis – Alex Maleev – Brian Stelfreeze – Eddie Campbell – Ben Caldwell – Damion Scott – Carlos Pacheco – Dave McCraig – David Lapham – Eric Powell – Gene Colan – Etahn Van Sciver – Don Kramer – Paul Lee – Doug Mahnke – Danny Abell – Darick Robertson – Bob Smith Anthony Williams – Enrique Villagran – Arthur Adams – Gene Ha – Jeff Matsuda – Barry Kitson – Alex Toth – barry Windsor Smith – Jae Lee – Ron Garney – Jason Minor – George Freeman – Jason Pearson – Jerry Bingham – Graig Rousseau Frank Teran – Mike Lilly – Terry Kristiansen – Fred Ray – Kia Asamiya Jorge Zaffino – Katsushiro Otomo – Mike Manley – John Van Fleet – John Estes – John Calnan – Paul Gulacy – Mike Collins – J. Williams III – Pat Broderick – Dick Dillin – Win Mortimer – Marc Silvestri – Kody Chamberlain – P. Craig Russell – Mark Buckingham – Patrick Zircher – Phil Winslade – Curt Swan – Paul Pope – Robbie Rogerson – Pepe Moreno – Rodolfo Dammaggio – Scott Hanna – Howard Chaykin – Sal Buscema – Sandy Plunkett – Tim Fern – Terry Dodson – Mike Grell – Tommy Lee Edwards – John Francis Moore – Michael Stribling – Tony Salmons – Vince Giarrano – William Rosado – Alfredo Alcala – Don Newton – Jim Mooney – Darwyn Cooke – Joe Staton – Trevor Von Eeden
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Um abraço a todos.
                            

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