sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A careira do morcego nas hqs


Batman: A trajetória do homem-morcego nos quadrinhos


Batman por Alex Ross.
Em 1938, a editora National Periodical lançou a revista Action Comics e alçou grande sucesso com um de seus personagens: o Superman, o primeiro dos super-heróis, algo que mudou completamente o mercado de quadrinhos dali em diante e fundou a chamada Era de Ouro. Querendo repetir o sucesso, a editora encomendou ao cartunista Bob Kane, de 19 anos, um personagem similar, para tornar-se o “carro-chefe” de outra produção que já estava nas bancas desde 1937, a revista Detective Comics.
Nascido Robert Kahn, em 1915, Bob Kane era filho de imigrantes judeus e vivia em Nova York, tendo aprendido a desenhar como autoditata desde criança. Ainda adolescente, começou a colaborar com a National, na mesma revista Detective Comics fazendo histórias policiais e de detetive. Quando recebeu a encomenda decidiu continuar no mesmo “ambiente” apenas deixá-lo mais fantasioso. Sua primeira ideia foi um uniformizado com asas nas costas que chamou de Birdman, mas como a figura não lhe agradou, decidiu deixá-lo mais sombrio e chamá-lo de Batman, trocando as asas por uma capa como a do Superman, mas recortada na base de modo que sua sombra se assemelhasse à silhueta de um morcego. As ilustrações de um planador projetado por Leonardo Da Vinci no século XV também ajudaram.

Bob Kane, aos 24 anos.
Para desenvolver o personagem, Kane contratou um amigo romancista chamado Bill Finger e os dois finalizaram a imagem do Batman com seu capuz imitando as orelhas do morcego e um símbolo no peito. Também criaram uma história de origem para ele.
Levado ao editor (e amigo de adolescência de Kane) Whitney Ellsworth, a história e o personagem foram aprovados e a editora National, também chamada de DC Comics por causa daquela revista, encomendou uma série de histórias.
Antes disso, porém, Bob Kane assinou um contrato com a DC, cedendo os direitos do Batman à editora, mas ao contrário da dupla Jerry Siegel e Joe Shuster que criara o Superman um ano antes, o cartunista garantiu certa porcentagem nos direitos autorais. Como os primeiros roteiros agradaram muito à DC, Kane também assinou um contrato de dez anos de produção de histórias do Batman.

Esboços de Kane para o Batman baseados em Da Vinci.
Esse contrato permitiu que Kane permanecesse ao longo dos anos como o principal criador do Batman, ao contrário de Siegel e Shuster que viram sua criação ser tomada de suas mãos muito cedo. Além disso, Kane era conhecedor de suas próprias limitações: tinha boas ideias, mas precisava de ajuda para desenvolver um roteiro e sua arte não era muito dinâmica, embora sombria. Por isso, montou um estúdio em que atuava como ilustrador e editor, mas contratava roteiristas e desenhistas para lhe auxiliar. Todo o contado com a DC era realizado por Kane que encaminhava os serviços ao estúdio, prática comum da época.
Chega o homem-morcego

A capa de "Detective Comics 27" com a estreia do Batman.
O Batman estreou em Detective Comics 27 de maio de 1939 em um conto de oito páginas chamado “O caso do sindicato dos químicos”, com roteiro de Bill Finger e desenhos de Bob Kane. É uma típica história de detetive, inclusive no formato: se inicia com o Comissário de Polícia Gordon e seu amigo, o playboy milionário Bruce Wayne, conversando até o primeiro ser notificado do assassinato de um rico empresário do ramo químico.
O policial vai investigar e o playboy o acompanha porque não tinha mais nada o que fazer. A trama avança para um mistério envolvendo a morte de vários sócios e a figura sombria do Batman, que é perseguido pela polícia. O homem-morcego desvenda o mistério e prende o responsável, mas somente no último quadrinho o leitor fica sabendo que Bruce Wayne é o Batman.
Um vigilante violento

Imagem típica do Batman pelas mãos de Bob Kane.
A história fez sucesso e Kane e Finger continuaram a produzir histórias nas edições seguintes da revista, ao ponto do Batman figurar na capa de todas as edições ímpares de Detective Comics, enquanto os outros personagens da revista ocupavam as capas dos números pares (eram publicados de quatro a seis histórias por mês).
Com o sucesso, Kane teve que contratar outros desenhistas e roteiristas para produzir mais histórias do Batman. Além disso, Bill Finger foi contratado para desenvolver outras histórias para a DC, criando outros personagens, como o primeiro Lanterna Verde.

A segunda capa de Batman, em "Detective Comics 29", traz o primeiro vilão recorrente: o Dr. Morte.
Por isso, entre Detective Comics 30 e 33 foram publicadas uma série de histórias do Batman escritas por Gardner Fox, que levaram o Batman à Europa para enfrentar inimigos típicos de filmes de terror, quebrando um pouco o clima de detetive dos contos de Finger. Essas histórias criaram os primeiros apetrechos do homem-morcego, como o batarangue e o cinto de utilidades. Em seguida, Fox seria contratado pela editora para criar personagens como Flash, Gavião Negro (Hawkman – baseado na ideia original de Kane?) e a Sociedade da Justiça.
E somente na edição 33 foi publicada a origem do Batman, num pequeno conto de duas páginas escrito por Kane e Finger. Mesmo com a DC passando por inúmeras reformulações nos 75 anos seguintes, praticamente nada dessa origem foi modificada até hoje, sendo apenas ampliada e detalhada pelos escritores posteriores.

A origem do Batman é contada por Finger e Kane em "Detective Comics 33": apenas duas páginas.
A grande marca dessa fase inicial do Batman era a violência. Kane e Finger criaram um vigilante violento e sombrio que, se necessário, matava seus inimigos a sangue-frio e até usava armas de fogo de vez em quando. É o caso quando Batman mata a vilã Dala, auxiliar do Monge, enquanto ela está dormindo, em Detective Comics 32.

O Monge Louco na capa de "Detective Comics 31": histórias violentas e sombrias.
O clima de mistério e suspense dominava suas histórias. Os vilões criados para interagir com o homem-morcego refletiam essa condição. Eram gangsters, sociopatas e cientistas malucos. Desde o primeiro momento foram se cristalizando vilões marcantes, como o Dr. Morte, o primeiro a retornar em uma segunda história. O Dr. Hugo Strange (Detective Comics 36) seria definitivamente incorporado ao cânone do personagem nos anos seguintes.
A chegada do Robin e a criação de um cânone
Porém, aparentemente, a violência começou a preocupar os efitores da DC, que recomendaram a Bob Kane e seu estúdio que dessem uma aliviada no conteúdo das histórias. Para isso, foi criado o Robin, o menino prodígio, um parceiro adolescente para o Batman. A idéia original foi de Kane, o assistente de arte Jerry Robinson criou o visual e a história de sua aparição, em Detective Comics 38, de 1940, foi escrita por Bill Finger.

Repare: a capa de "Detective Comics 36" ainda tem a marca visual de Bob Kane...
De imediato não houve “alívio” da violência, pois a introdução de uma criança como coprotagonista não foi o suficiente para diminuir a violência. A introdução do personagem foi súbita: vindo de uma família de trapezistas, Richard “Dick” Greyson vê a família morrer numa armadilha realizada por um gangster que está chantageando o circo onde trabalham. Comovido por ver um menino reproduzindo uma história similar a sua própria, Bruce Wayne resolve adotá-lo e treiná-lo para combater o crime como ele.

... mas o design é diferente em "Detective Comics 38", com a estreia de Robin, cuja a arte já é de Jerry Robinson.
No entanto, as histórias continuaram violentas e não somente o Batman, mas o Robin também matava seus inimigos. Uma cena específica, por exemplo, mostrava a dupla dinâmica – como passaram a ser chamados – lutando em um edifício em construção e o Robin derruba um dos criminosos lá de cima.
Mas o novo personagem fez muito sucesso, atendendo à expectativa de seus criadores de gerar uma identificação com as crianças e os mais jovens. Não à toa, a presença de um “parceiro mirim” se tornou obrigadora para todos os heróis da época: Flash e Kid Flash, Arqueiro Verde e Ricardito (Speedy), Capitão América & Bucky etc.

Capa de "Batman 01", nova revista trimestral lançada em 1940.
O sucesso das histórias de Batman eram grandes e a National resolveu capitanear em cima muito cedo. Já em 1940 começou a articular uma nova revista para trazer apenas histórias do homem-morcego, com seu nome no título, 40 páginas de conteúdo e periodicidade trimestral. Batman 01 estrearia no verão daquele ano e trouxe a estréia de dois personagens fundamentais no cânone do homem-morcego: o Coringa e a Mulher-Gato, embora esta tenha sido chamada apenas de The Cat nesta primeira vez.

Primeira página da história com a primeia aparição do Coringa em "Batman 01". Texto de Finger, arte de Kane e Robinson.
Para produzir o maior volume de material, Kane ampliou o estúdio e contratou outros desenhistas, como Charles Paris, Sheldon Moldoff, George Roussos e Dick Sprang, que nunca tiveram seus nomes creditados nas histórias, que só levavam a assinatura de Kane.
O volume excedente de histórias produzidas motivou a editora a criar uma terceira revista para trazer as aventuras, nascendo World Finnest em maio de 1941, que além do Batman, trazia histórias do Superman, também.

O primeiro batmóvel era apenas um carro possante...
Durante os anos 1940, Kane, Finger e o estúdio passaram a definir melhor o universo do homem-morcego. A cidade em que se passavam as histórias, por exemplo, ganhou o nome de Gotham City na revista Batman 04, de 1941.
Por sua vez, em Detective Comics 48, temos a primeira referência direta à Mansão Wayne e é também a revista em que aparece o batmóvel pela primeira vez. Inicialmente, Batman usava apenas um carro normal – pintado de vermelho! – que era descrito nas histórias como “possante”, mas com o tempo se criou uma iconoclasta versão estilizada de um Buick com uma cabeça de morcego na frente e uma asa na parte traseira, visual criado por Dick Sprang.

... mas logo ganhou uma bela versão estilizada, aqui transposto para a realidade.
O sucesso do personagem o levou a ganhar uma tira diária para jornais, que estreou em outubro de 1943 em dezenas de jornais dos EUA (e no Brasil, também). Na época, as tiras eram “mais nobres” do que as revistas e isso foi a realização de um grande sonho de Bob Kane. Por isso, o criador passou a se dedicar quase que exclusivamente às tiras, embora mais como editor do que como escritor, pois os roteiros eram escritos por Whitney Ellsworth e os desenhos por Sheldon Moldoff.
A necessidade de produzir para outras mídias, como tiras de jornais, programas de rádio e até um seriado no cinema levou ao surgimento de itens fundamentais ao cânone, como a batcaverna e o mordomo Alfred Pennyworth que passa a auxiliar a dupla dinâmica.

A imagem do ator William Austin, calvo, magro e com bigodinho, é usada até hoje nos quadrinhos do Batman.
O mordomo Alfred foi introduzido como um “alívio cômico“, dentro das determinações da DC para diminuir a violência nas histórias. Daí, seu visual era engraçado e caricatural, além de ser gordinho e desastrado.

A batcaverna em sua primeira aparição no seriado de 1943.
Porém, quando estreou a primeira adaptação live action do Batman, o seriado para cinema de 1943, o ator que fazia o Alfred (William Austin) era magro e essa característica foi incorporada aos quadrinhos. Também foi no cinema que nasceu a batcaverna, o esconderijo da dupla dinâmica. Dizem que o motivo era que o seriado era barato e já havia o cenário de uma caverna pronto, mas a ideia foi levada aos quadrinhos e se tornou um ícone.

A batcaverna incorpodada nos quadrinhos.
Além disso, nos anos 1940, Kane e Cia. rechearam o universo do personagem de vilões emblemáticos, como Coringa, Mulher-Gato, Pinguim, Charada, Duas Caras, Espantalho, Cara de Barro e muitos outros. A temática das histórias, entretanto, também passou a variar, saindo do esquema “crime e investigação” e passando para fantasia, ficção científica e até a comédia pastelão. Na verdade, estes últimos temas começaram a se tornar cada vez mais predominantes, tendo em vista a necessidade de diminuir a violência e atingir um público maior.

A Mulher-Gato era uma ótima maneira de brincar com a sexualidade nas histórias do Batman.
Apesar do tom de fantasia predominante, houve algumas exceções, das quais Detective Comics 168, de 1951, é um exemplar excelente. Talvez esta seja a melhor aventura do Batman da Era de Ouro, escrita por Bill Finger e desenhada por Sheldon Moldoff e George Roussos.

A capa de "Detective Comics 158" que traz o Capuz Vermelho e a origem do Coringa.
Na trama, Batman e Robin investigam os crimes de um bandido chamado Capuz Vermelho, que o homem-morcego perseguira dez anos antes e desaparecera. O motivo é um curso de detetive para alunos da Universidade de Gotham ministrado pelo Batman (é, é a Era de Ouro, lembram?). Mas em meio às aulas, o Capuz Vermelho volta a agir. O clima de investigação e mistério é o terreno próprio de Finger e a história é muito boa, ao final do qual o homem-morcego descobre que aquele velho vilão era, na verdade, o Coringa, e que seu desaparecimento estava relacionado ao acidente que o transformou no que é hoje. É a origem oficial do vilão apresentada pela primeira vez.
Outro feito importante da época foi o primeiro encontro entre Batman e Superman, ocorrido em Superman 76, em 1952. Apesar dos heróis já dividirem a revista World’s Finnest (e aparecerem juntos nas capas) há 11 anos, nunca havia se encontrado de verdade nas histórias. Nesta aventura, descobrem, também, a identidade um do outro.

Capa de "World's Finnest 89".
Ainda assim, apesar do sucesso óbvio da empreitada, demorou mais dois anos para que World’s Finnest realmente passasse a trazer aventuras conjuntas dos dois heróis, a primeira no número 71, em 1954. Grande parte dessas aventuras de Superman e Batman foram escritas por Edmond Hamilton (roteirista das revistas do homem de aço) e desenhadas por Dick Sprang. A
popularidade dessas aventuras começou a tornar o traço quadrado e carrancudo de Sprang a principal referência visual do homem-morcego, substituindo a figura mais esguia definida por Jerry Robinson, que abandonara o estúdio de Bob Kane em 1948. O Batman dos anos 1950 é essencialmente o Batman de Dick Sprang, que o deixou num traço mais cartunesco e deu à batcaverna a aparência que ela tem até hoje.
A Censura aos quadrinhos e a infantilização das histórias
Na medida em que avançavam os anos 1950, as histórias se tornavam cada vez mais infantis, especialmente após a perseguição aos quadrinhos empreendida pelo psiquiatra Fredric Wertham que lançou o livro A Sedução do Inocente, em 1954, acusando os quadrinhos de serem os responsáveis pela deliquência juvenil nos EUA e afirmando que Batman e Robin tinham uma relação homossexual (e pedófila).

A Mulher-Gato em "Batman 84": última aparição durante 12 anos! Note a figura do Batman já dominada pela arte de Dick Sprang.
As vendas caíram e para se desvenciliar das acusações, as DC impôs um ritmo mais calmo e infantil às histórias ao mesmo tempo em que as próprias editoras se reuniram e criaram o Comic Code Authority, um selo responsável por uma autocensura que impedia que coisas como sexo e violência explícita aparecessem nas tramas.
Uma das conseqüências imediatas do Código foi o desaparecimento da Mulher-Gato. Ela apareceu pela última vez em Batman 84, de 1954 e só retornaria 12 anos depois. Sem poder explorar a tensão sexual entre os dois, não tinha sentido mantê-la. Outro personagem que desapareceu, por motivo bem diferente, sua aparência, foi o Duas Caras, que só voltaria 17 anos depois.

A típica arte de Dick Sprang consolidou o visual do Batman nos anos 1950.
As histórias abandonaram quase totalmente o apelo policial e se voltaram para a ficção científica, com a dupla dinâmica combatendo alienígenas e viajando no tempo.

Capa de "Batman 20" por Dick Sprang.
O estilo infantilóide das histórias atingiu o máximo no fim dos anos 1950. Um marco importante para isso foi a criação da Batwoman na Detective Comics 233, de 1956, que se tornou uma “namoradinha” de Bruce Wayne. Seu nome era Kathy Kane, uma autohomenagem de seu criador.
Para Robin, foi criada a primeira Batgirl, em Batman 139, de 1961, que era Betty Kane, sobrinha de Katty. Não satisfeitos com esses personagens, foram criados outros mais para encher a “batfamília”, como Ace, o batcão, Mongo, o batmacaco, e o infame Batmite, um geniozinho mágico.
Ao iniciar os anos 1960, a DC Comics estava insatisfeita com o material do estúdio de Kane e pensava em dar uma renovação ao homem-morcego tal qual tinha sido dado aos outros personagens da editora. Era o início da Era de Prata, comandada pelo editor Julius Schwartz.
A Era de Prata: em busca de um Batman mais sério

O novo visual do Batman criado por Carmine Infantino.
Em janeiro de 1964, se encerrou o contrato da DC com o estúdio de Bob Kane e ele não foi renovado. Alguns artistas como Sheldon Moldoff continuaram a fazer serviços para a editora; alguns como Bill Finger não conseguiram emplacar outros projetos e terminaram na obscuridade; enquanto mais outros, como Dick Sprang, simplesmente se aposentaram. Bob Kane também encerrou sua produção nos quadrinhos e foi trabalhar com desenhos animados, vivendo confortavelmente por causa dos royallities do Batman.
A DC mudou a editoria do Batman de Whitney Ellsworth para Julius Schwartz e uma nova equipe de escritores e desenhistas assumiu, comandada por John Broome (criador do Lanterna Verde Hal Jordan) e do desenhista Carmine Infantino (cocriador do Flash Barry Allen), além de outros colaboradores, como o veterano escritor Gardner Fox. Embora já houvesse colaborado com o estúdio de Kane, Fox estava em alta na DC por ter reformulado personagens, como o Flash, e por ter criado a Liga da Justiça, o maior sucesso da editora naqueles anos. Outros escritores foram Ed Herron e Mike Friedrich, embora Bill Finger ainda tenha escrito algumas histórias. Entre os desenhistas, Gil Kane (sem nenhum parentesco com Bob e cocriador do Lanterna Verde), Murphy Anderson e Chic Stone.

Página de "Detective Comics 371" de 1968 por Gil Kane.
Nos roteiros, a nova equipe tentou implantar um ritmo mais sério às histórias, afastando todo o elenco secundário que julgava desnecessário, como Batgirl, Batwoman e outros. Inclusive, até o mordomo Alfred Pennyworth foi morto em uma história, embora tenha voltado dois anos depois.

Batman e Robin encontram os Beatles em "Batman 222", de 1970: a dupla dinâmica resolve o boato de "Paul está morto".
A nova equipe de desenhistas, na qual havia destaque para Carmine Infantino, imprimiu também um novo visual para o Batman: sua figura ficou menos atarracada e mais delgada; as orelhas da máscara ficaram mais pontudas e o símbolo do morcego em seu peito ganhou uma elipse amarela, o que se tornou uma marca reconhecida mundialmente.
De fato, a equipe de Schwartz, Broome, Fox, Infantino e outros produziu histórias melhores, tentando vincular Batman aos novos tempos. Elementos como a moda, o rock e até os Beatles apareceram nas revistas, no período pós-1964.

A série de TV (1966-68) fez sucesso, mas manchou a imagem do homem-morcego.
No entanto, o advento da série de TV que estreou em 1966 pôs tudo a perder. A comédia kirsh e pastelão estrelada por Adam West e Burt Ward gerou uma espécie de batmania e um novo público passou a acompanhar as revistas do herói, mas esperava encontrar o mesmo conteúdo.
Houve, então, um retrocesso e as histórias voltaram a repetir o clima infantilóide da fase final do estúdio de Bob Kane. Mas foi uma estratégia equivocada da DC: rapidamente, a série de TV perdeu seu fôlego e foi cancelada na terceira temporada, em 1968. A queda das vendas nos quadrinhos também foi vertiginosa e, para completar, havia a concorrência com a Marvel Comics, cujos heróis mais sérios e problemáticos começavam a dominar o mercado.

A estreia da Batgirl Barbara Gordon em "Detective Comics 359", de 1967.
Antes disso, porém, a série de TV deixou pelo menos um legado duradouro nos quadrinhos: uma nova Batgirl. Com a queda na audiência no seriado em sua segunda temporada, os produtores decidiram criar uma versão televisiva da Batgirl. Os quadrinhos, então, se responsabilizaram por proporcionar uma nova versão: em Detective Comics 359, de janeiro de 1967, saiu a história “O debute de um milhão de dólares da Batgirl”, escrita por Gardner Fox e desenhada por Carmine Infantino, na qual a filha do Comissário Gordon, Barbara Gordon, decide ir fantasiada de Batgirl em uma festa à fantasia, mas um roubo seguido de sequestro ao anfitrião Bruce Wayne (ele mesmo), obriga a moça a agir com sua fantasia e, por fim, se decidir a passar de fato a combater o crime.

Capa de "The Brave and the Bold 81": Batman e Flash unidos contra Bork numa clássica aventura.
Em pouco tempo, ela estaria comprometida com a dupla dinâmica e começaria, inclusive, a ter histórias solo (e outras ao lado da Supergirl). Rapidamente, Barbara Gordon se transformou em uma das personagens femininas mais queridas dos quadrinhos e permanece com sua força até hoje.
Outra consequência nos quadrinhos foi que a revista The Brave and the Bold, que trazia “grandes encontros” dos heróis da DC (foi nela que surgiu a Liga da Justiça, por exemplo), passou a apresentar o Batman como anfitrião fixo, ou seja, a partir do número 74, de outubro de 1967, todas as suas edições passaram a trazer o homem-morcego em aventuras conjuntas a outros personagens, como Flash, Lanterna Verde, Arqueiro Verde e praticamente todo o enorme panteão da editora.
A Era de Bronze: agora sim, um Batman sério
Batman entrou na Era de Bronze aos poucos. Em 1968, o editor Julius Schwartz conseguiu convencer a direção da editora a mudar os rumos do personagem e torná-lo mais sério e sombrio, no que deveria ser uma volta às origens. Esse processo começou lentamente e resultou na renovação quase completa das equipes criativas do personagem.

"The Brave and the Bold 85", de 1968: início de uma das melhores fases do Batman.
Muitos historiadores apontam a revista The Brave and the Bold 85, de 1968, como o marco inicial dessa fase: o escritor Bob Haney e o novo desenhista Neal Adams começaram a imprimir um ritmo mais sério às histórias. Na trama de Atiraram no Senador, Bruce Wayne tem que lidar com um assassinato no Senado Federal dos EUA, ao lado do Arqueiro Verde como convidado, num novo visual criado por Adams.
Esse tipo de história começou a fazer sucesso. Em 1970, a DC convidou o “menino prodígio” Dennis O´Neil a assumir o comando das aventuras do homem-morcego. Apesar de um curto começo na Marvel, O´Neil se transferira para a DC e promoveu uma verdadeira revolução na escrita dos personagens da editora. Muito mais jovem do que seus companheiros de redação, estava mais antenado com o que os jovens queriam. Por isso, foi paulatinamente se tornando o principal escritor da editora, assumindo as revistas da Liga da Justiça, da Mulher-Maravilha e do Superman consecutivamente.

O Batman de O'Neil e Adams: fase áurea.
No Batman, O´Neil resolveu trazer o personagem de volta para o ambiente urbano, sombrio e violento de suas primeiras histórias, resgatando também o tom detetivesco. Para a arte, trouxe Neal Adams, dono de um traço vigoroso, realista e quase fotográfico que mudou a silhueta do homem-morcego, fazendo valer o apelido de “cavaleiro das trevas” que detinha já então. A dupla fez Batman 217, em dezembro de 1969, e em seguida, assumiu a revista Detective Comics 359, em janeiro de 1970.
Além daquela dupla, também assumiram as aventuras do homem-morcego os escritores Bob Haney e Frank Robins e os desenhistas Irv Novick e Jim Aparo.

A primeira aparição de Ra's Al Ghul por O'Neil e Adams.
O Batman viveu, então, uma de suas melhores fases, marcada pelo tom sombrio e detetivesco, bem como as primeiras aparições da Liga dos Assassinos (que nos filmes virou Liga das Sombra), de Tália Head (Detective Comics 411, de maio de 1971) e seu pai, Ra´s Al Ghul (Batman 232, de junho de 1971), além da inauguração das versões modernas do Coringa e do Duas Caras (este após 17 anos de ausência, v0ltando em Batman 234).

Batman, Coringa e um tubarão em "Batman 251" por O'Neil e Adams.
Não menos importante, o Robin praticamente desapareceu das histórias do Batman pela primeira vez desde 1940. Foi criada a trama em que Dick Greyson vai estudar na Universidade de Hudson, cidade próxima a Gotham. Bruce Wayne, então, se muda da Mansão para uma cobertura no prédio da Fundação Wayne, instalando lá uma versão compacta da batcaverna. Robin vive suas aventuras com a Turma Titã ou aventuras solo ou com a Batgirl na revista Batman Family (que estrearia em setembro de 1975).

Batman e Talia.
Mas como tudo que é bom dura pouco, O´Neil e Adams só produziram suas histórias entre 1970 e 1973. Depois disso, Adams se afastou cada vez mais dos quadrinhos, indo trabalhar com a publicidade e atuando no sindicato dos artistas, enquanto O´Neil continuou ocasionalmente e voltou as escrever as histórias do Lanterna Verde.
Em meados dos anos 1970, vários outros escritores continuaram trabalhando com o homem-morcego e a mitologia do personagem também foi ampliada com a introdução do Beco do Crime (o local em que Thomas e Martha Wayne foram assassinados) e da Dra. Leslie Thompkins, uma médica assistencialista, na história Não há esperança no Beco do Crime, em Detective Comics 457, de março de 1976, por Dennis O’Neil e Dick Giordano. O’Neil também introduziu o Asilo de Arkham em Batman 258, de 1974, embora o mitológico local só tenha de fato se firmado na cronologia do homem-morcego depois de Batman 326, de 1980, escrita por Len Wein. Wein criou ainda o empresário Lucius Fox, o principal executivo das Empresas Wayne, em Batman 307, de janeiro de 1979, numa história desenhada por John Calnan.
Com uma queda substancial em suas vendas, a DC investiu, em meados daquela década, na “importação” de nomes da Marvel, como Gerry Conway, que escreveria algumas histórias do homem-morcego. O grande nome da Marvel a trabalhar com o Batman na época foi Steve Englehart, o principal escritor daquela editora, que cuidava dos Vingadores, do Capitão América e muitos outros personagens. Na DC ele trabalhou com o Batman e a Liga da Justiça.

Batman invade o quarto de Silver St. Cloud: texto de Steve Englehart e arte de Marshall Rogers.
A fase que Englehart produziu no Batman foi muito aclamada, embora curta, com desenhos de Walt Simonson e Marshall Rogers, publicada entre Detective Comics 468 e 476, entre 1977 e 1978. A trama girava em torno de um ataque de Hugo Strange, do Pistoleiro (Deadshot, no original) e uma visão maníaca e psicótica do Coringa. Também foi este arco que introduziu o gangster Rupert Thorne e a personagem Silver St. Cloud, para muitos a melhor das namoradas do Batman, a primeira ao qual ele pensou seriamente em desistir de sua missão para ficar. Ela ainda descobriu sua identidade secreta sozinha. Esta história serviu de base para o Batman – O Filme, 11 anos depois.
Infelizmente, o fim dos anos 1970 e o início dos anos 1980 não foram bons para a DC. Embora o Batman continuasse com ótimos desenhistas, com destaque para Gene Colan e sua bela arte, as histórias careciam de maior interesse, mesmo escritas por nomes como Len Wein e Gerry Conway.

Capa de "Batman and the Outsiders 01", de 1983, por Jim Aparo.
Ainda assim, alguns eventos de destaque ocorreram, como a introdução do Robin II, na figura de Jason Todd, que apareceu pela primeira vez em Batman 357, de março de 1983, na mesma edição em que também apareceu o vilão Crocodilo (Killer Croc), ambos criados por Gerry Conway e Gene Colan. Em 1982, Marv Wolfman e George Perez relaçaram a Turma Titã como os Novos Titãs, com uma abordagem mais adulta e o Robin continuou a liderá-los. Em pouco tempo, a revista The New Teen Titans se tornou a mais vendida da DC. Em 1984, Dick Greyson deixou para trás a identidade de Robin e assumiu a de Asa Noturna.
Nas revistas do Batman, logo foi substituído por Jason Todd, que se tornou o Robin II em Batman 366, de dezembro de 1983. Mas o personagem era uma mera repetição de Dick Greyson e não causou nenhuma empatia.
Outro elemento acrescentado nesse período foi a fundação dos Renegados, um grupo de jovens heróis que é treinado e liderado pelo Batman quando este rompe as ligações com a Liga da Justiça. A estreia se deu em The Brave and the Bold 200, de 1983, que no mês seguinte a revista foi substituída por Batman and the Outsiders 01, ambas produzidas com textos de Mike W. Barr e desenhos de Jim Aparo. O homem-morcego continuou à frente da equipe pelas primeiras 32 edições da nova revista.Por outro lado, foi o fim de The Brave and the Bold depois de 16 anos publicando aventuras do Batman. Nos dias de hoje, o conceito da revista foi adaptado a um desenho animado de sucesso na TV.
A Crise, um reboot e o início da Era Sombria

A fabulosa capa de "The Dark Knight Returns 01", por Frank Miller.
Como reação a sua crise financeira, a DC decidiu criar uma crise fictícia. O objetivo era promover um “grande evento” que chamasse a atenção da mídia e servisse de desculpa para reformular a cronologia da editora, que era uma bagunça, por causa do conceito de multiverso. Assim, nasceu Crise nas Infinitas Terras, maxissérie em 12 capítulos produzida por Marv Wolfman e George Pérez e iniciada em 1985, que se encarregou que criar uma trama que pôs em risco todo o tecido da realidade e do tempo. Em combate a tais ameaças, terminam morrendo a Supergirl e o Flash. No final, a DC se reestruturou editorialmente para recriar as origens de seus heróis e adaptá-las a um novo Universo DC, que não tinha mais múltiplas Terras, mas apenas uma só.

A violência de Frank Miller deu origem a uma nova era dos quadrinhos.
O escritor Dennis O’Neil foi chamado de volta – depois de uma longa temporada na Marvel, onde escreveu Homem-Aranha, Demolidor e Homem de Ferro – e se tornou o editor dos títulos do Batman. O’Neil deu espaço para que grandes artistas produzissem histórias do homem-morcego, como Frank Miller, com quem trabalhara na Marvel, e veio à DC fazer a aclamadíssima minissérie Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns, no original), aquela que é considerada como uma das melhores histórias em quadrinhos já escritas e que mostra um Bruce Wayne de 50 anos obrigado a voltar a assumir sua identidade secreta após uma década de pausa, por causa de uma insana onda de violência em Gotham City. O subtexto político e psicológico da obra é de altíssimo nível.
Com o sucesso, Miller se tornou a escolha óbvia para reescrever a origem do Batman. Decididos a não mudar nada de essencial na história original de Bob Kane, O’Neil e Miller criaram “apenas” uma história que mostrava o primeiro ano de ação do Batman, entre janeiro e dezembro, na qual Bruce Wayne, aos 25 anos, volta a Gotham City disposto a combater o crime, embora não saiba ainda como fazer isso. (Leia mais sobre a obra clicando aqui).

"Batman: Ano Um": a origem definitiva do personagem por Miller e Mazzucchelli.
Batman: Ano Um foi publicada dentro da própria revista Batman, entre os números 404 e 407, mas Frank Miller cuidou apenas dos roteiros, passando a arte para o fantástico David Mazzucchelli. Novamente, um grande sucesso, a história de Miller e Mazzucchelli é outra das melhores já escritas do personagem.

Batman contra o Ceifador em "Ano Dois", por Barr e Davis.
A obra teve uma sequência em seguida, Batman: Ano Dois, escrita por Mike W. Barr e desenhada por Alan Davis e Todd McFarlane, publicada em Detective Comics 575 a 578, ainda em 1987. Esta história, no entanto, não foi tão bem sucedida quanto a primeira, pois não deu prosseguimento ao mesmo clima “policial noir”, mas sim uma trama urbana que destacava a relação de Batman com as armas de fogo e a volta de Joe Chill, o assassino dos pais de Bruce Wayne. Além disso, Barr aproveitou para fazer uma “releitura” de um dos vilões criados nas histórias de O’Neil e Adams nos anos 1970: o Ceifador (Reaper). Mais tarde, parte de sua trama foi adaptada como um ótimo longametragem de animação vinculado à Batman – The Animated Series (falaremos dela adiante), chamada A Máscara do Fantasma.

"Filho do Demônio": melhor história com Ra's Al Ghul.
Houve ainda Batman: Ano Três, escrita por Marv Wolfman e desenhada por Pat Broderick, publicada entre Batman 436 e 439, concentrada na origem detalhada do Robin Dick Greyson. Esta, apesar do nome, se passa no presente, com Greyson tendo que encarar a soltura de Tony Zucko da cadeia, o homem responsável pela morte de seus pais. Obviamente, há muitas cenas no passado contando como tudo ocorreu.

Batman e Talia ficam juntos em "Filho do Demônio", por Barr e Bingham.
A recepção fria de Ano Dois não impediu Mike W. Barr de escrever uma das melhores histórias do Batman em seguida: O Filho do Demônio, desenhada por Jerry Bingham, uma graphic novel na qual Batman é obrigado a se aliar a Ra’s Al Ghul para deter um inimigo comum. No processo, reata seu romance com a filha do vilão, Talia, e ela termina engravidando. Ao perceber que o homem-morcego mudou seu comportamento por causa do filho, o vilão e a garota decidem fingir um aborto e doar a criança à adoção sem o conhecimento de Bruce Wayne. Esta história, embora tenha chegado a ser declarada “fora da cronologia” nos anos seguintes, teria fortes consequências décadas depois.

Detalhe da capa de "A Piada Mortal": por dentro da mente do Coringa.
Continuando a boa fase, o editor Dennis O’Neil ainda prosseguiu incentivando a criação de grandes histórias, como a graphic novel Batman: A Piada Mortal, escrita por Alan Moore e desenhada por Brian Bolland, lançada em 1988. Nela, o Coringa relembra sua origem dentro de um processo de múltipla escolha, na qual cabe ao leitor montar as peças e decidir o que é verdadeiro e o que não é. Além disso, o vilão se dedica a provar uma teoria: a de que qualquer um pode enlouquecer depois de um dia muito ruim. Sua cobaia é o Comissário Gordon: o vilão deixa sua filha, Barbara Gordon (a Batgirl) paralítica com um tiro na coluna e – presumidamente – a estupra diante do olhos do pai, embora o Batman consiga deter o vilão. No meio tempo, Moore explora a relação entre os dois oponentes e mostra que eles têm algumas coisas em comum.
Pouco depois, outra grande graphic novel chamou a atenção: Batman: Asilo de Arkham, escrita por Grant Morrison e desenhada por Dave McKean. Nesta obra de grande profundidade psicológica – e a primeira do escritor com o personagem que mais tarde dedicaria muito tempo – é feita outra abordagem das semelhanças e diferenças entre o Batman e o Coringa.

Batman é levado ao cinema de verdade pela primeira vez por Tim Burton e com Michael Keaton: estética gótica.
Além de firmarem a Era Sombria dos quadrinhos, essa sequência de grandes histórias do Batman lideradas pelo editor Dennis O’Neil e vários escritores e desenhistas também serviram para consolidar a visão moderna do Batman como alguém sombrio, violento e perturbado; e aumentar muito a sua popularidade e aceitação em círculos muito além dos leitores tradicionais de quadrinhos. Mais do que nunca antes, essa fase pós-Crise, entre 1986 e 1989, serviu para consolidar o homem-morcego como um ícone como nunca dantes, com uma popularidade e uma aurea cult jamais compartilhada. Entre os resultados, está uma nova batmania dessa vez mais duradoura e séria que teve culminância em Batman – O Filme, de Tim Burton, com Michael Keaton e Jack Nicholson nos papeis de Bruce Wayne e Coringa, lançado com estardalhaço e sucesso em 1989, ano do 50º aniversário do personagem. Segundo uma lista divulgada pelo site Hollywood Reporter, a produção continua sendo a 10ª maior bilheteria de um filme baseado em super-heróis em todos os tempos. (Veja detalhes aqui).

A morte do Robin II por Starlin e Aparo.
Além das “histórias especiais”, Batman também viveu bons momentos em sua revista regular no período da segunda metade dos anos 1980. O escritor Jim Starlin e o desenhista Jim Aparo produziram uma boa fase cujo ponto principal foi o arco Morte em Família, publicada em 1988, entre Batman 426 e 429, e que trouxe a morte de Jason Todd. Devido à impopularidade do personagem, a DC decidiu criar o inédito evento de que os leitores decidiriam numa votação por telefone se o Robin II deveria morrer ou não na história. A votação foi feita e o resultado não poderia ser outro: Jason Todd é espancado até a morte pelo Coringa – em sua primeira aparição após a agressão a Barbara Gordon – e morre com a detonação de uma bomba. O vingativo homem-morcego persegue o vilão, mas o palhaço é dado como morto após um acidente de helicóptero.

Capa do encadernado de "Justiça Cega": thriller de espionagem.
Em seguida, arcos como As Muitas Mortes de Batman, escrita por John Byrne e desenhada por Jim Aparo, e publicada em Batman 433 a 435, exploraram o passado do personagem – mostrando como ele se utilizou dos maiores especialistas em diversas áreas do conhecimento para se tornar o que é – bem como Justiça Cega, escrito por Sam Hamm (o roteirista de Batman – O Filme) e desenhado por Dennis Cowan, publicada em Detective Comics 598 a 600, na qual Bruce Wayne tem que combater um cartel crimonoso que se apossou da Wayne Enterprises. Esta história introduziu o personagem Henri Ducard, parte fundamental dos atuais filmes do homem-morcego.

O Batman de Alan Grant e Norm Breyfogle foi uma das melhores fases do personagem.
Em 1989, as revistas do Batman iniciam uma de suas melhores fases, com Batman nas mãos de Marv Wolfman e Jim Aparo e, melhor ainda, Detective Comics, nas mãos do escritor britânico Alan Grant e do fantástico desenhista Norm Breyfogle. Ambas andavam muito próximas, comumente com histórias que começavam em uma e seguiam em outra, mas também, com cada uma desenvolvendo um clima. Enquanto Wolfman e Aparo desenvolviam as histórias da origem do personagem Timothy Drake – um adolescente fã do Robin e de inteligência acima da média que descobre a identidade do Batman e quase é morto pelo Duas Caras – que estava destinado a ser o Robin III; Grant e Breyfogle se especializaram em histórias quase sempre autocontidas que exploravam elementos da vida real, crítica social e uma visão (gráfica e textual) fabulosa do homem-morcego. Destaque para Lixo, publicada em Detective Comics 613, de 1990, na qual se faz uma reflexão sobre o lixo nas grandes cidades sob a ótica de uma criança.

Tim Drake se torna o Robin III. Arte de Norm Breyfogle.
Além disso, Grant e Breyfogle mostraram grandes confrontos contra o Cara de Barro (e a formação da Quadra de Lama, com todos aqueles que já usaram esse nome); o Pinguim em sua melhor história, com a introdução do personagem Harold; a morte da mãe de Tim Drake; o surgimento do vilão Anarquia; e da dupla Ventríloco e Scarface.

Batman na Série Animada de Bruce Timm e Paul Dini: o mais aclamado desenho animado de super-heróis.
No entanto, ao início dos anos 1990, parecia ter se estabelecido certo cansaço nas histórias do homem-morcego, embora ele continuasse bastante popular: em 1992, o lançamento do filme Batman – O Retorno, sequência do anterior com a mesma equipe, foi novamente bem recebido e ainda deu origem à Batman – The Animated Series (Batman – A Série Animada, no Brasil), a mais ousada e bem-feita das adaptações cartunescas do herói em todos os tempos. Comandada pelo ilustrador Bruce Timm e pelo escritor Paul Dini, a animação se converteu em um marco e na semente de todo um universo de adaptações para animação que prosseguem até hoje. O grande trunfo? Ser fiel aos quadrinhos.
A Queda do Morcego

Bane quebra o Batman. Arte de Jim Aparo.
As vendas da DC estavam baixas de novo no início dos anos 1990 e a saida, dessa vez, foi investir em grandes arcos de histórias com tramas bombásticas. A primeira delas foi A Morte do Superman, que chamou a atenção da grande mídia em 1992 e foi um fenômeno de marketing. Em 1993, foi a vez do Batman ter a sua: A Queda do Morcego.
Uma nova geração de artistas assumiu o comando das revistas lentamente, liderada pelos escritores Chuck Dixon e Doug Moench e pelos desenhistas Graham Nolan e Jim Ballent, enquanto Alan Grant, Norm Breyfogle e Jim Aparo prepararam o terreno. De fato, os primeiros capítulos da Queda do Morcego ficaram a cargo da velha equipe, enquanto a nova assumiu ao fim do primeiro ciclo de histórias.

Bane se torna o novo chefão de Gotham. Arte de Graham Nolan.
A premissa de A Queda do Morcego (Kinghtfall, no original) era bem interessante: chega a Gotham um novo vilão, Bane, disposto a derrotar o Batman e se tornar o chefe do crime na cidade, tomando isso quase como uma cruzada religiosa; extremamente inteligente e forte, Bane trama um plano no qual liberta todos os criminosos do Asilo de Arkham, o que obriga o homem-morcego a realizar uma caçada sem precendentes, o que lhe leva ao total esgotamento físico. Aproveitando-se da fragilidade do inimigo, Bane descobre a identidade do Batman, invade a Mansão Wayne e quebra a coluna do homem-morcego.

Norm Breyfogle ainda desenhou os primeiros capítulos da nova saga.
No segundo ciclo de histórias, depois de quase morrer, Bruce Wayne decide que a lenda do Batman deve continuar e escolhe o vigilante Azrael, Jean Paul Valley, para ser o novo Batman. Azrael havia sido criado pouco antes na minissérie A Espada de Azrael, uma história bem interessante escrita por Dennis O’Neil e desenhada por Joe Quesada. O Robin Tim Drake e Alfred se ocupam de “ensinar” Valley a ser o novo Batman.
Enquanto isso, confinado em uma cadeira de rodas, Bruce Wayne termina se apaixonando por sua médica, a Dra. Shondra Kilsonving, a mesma que cuida do pai de Tim Drake, que também estava paralítico em decorrência de uma aventura anterior da fase de Alan Grant e Norm Breyfogle. Mas quando Drake e Kilsonving são sequestrados pelo meioirmão criminoso dela, Bruce Wayne decide partir em uma missão de resgate.

Jean-Paul Valley se torna um Batman violento e assassino. Capa de "Batman 500" por Kelley Jones.
A ausência de Wayne em Gotham tem um efeito nefasto na mente de Jean Paul Valley, que se torna cada vez mais violento. Ele expulsa Robin e Harold da batcaverna e começa a criar novos apretrechos para o uniforme do Batman até torná-lo uma armadura assustadora. Quando Wayne volta, Valley já está na iminência de se tornar um assassino sanguinário, o que obriga ao homem-morcego original buscar um radical tratamento de recuperação com uma de suas maiores inimigas, Lady Shiva, uma das melhores lutadoras do mundo. Concluído o treinamento, Wayne volta para Gotham, derrota Valley e retoma o manto do morgego.
Nova fase, sucessos, novos artistas e multimídias

A arte gótica de Kelley Jones confudiu os leitores.
Porém, Bruce Wayne julga ainda não estar pronto para o papel de Batman novamente, então, pede para Dick Greyson, o Asa Noturna, assumir o seu lugar enquanto ele faz uma viagem pelo mundo. Com relutância, o filho adotivo aceita e age como o Batman durante o arco de histórias Filho Prógido, no qual combate vilões como o Espantalho, Duas Caras e o novo Talião. Quando Bruce Wayne retorna, decide usar um uniforme ligeiramente novo, totalmente preto.
Foi marcante deste período a relativamente longa contribuição do desenhista Kelly Jones, que iniciou fazendo as capas das primeiras partes de A Queda do Morcego, mas depois, ingressou na revista Batman como artista oficial. As histórias escritas por Doug Moench e depois por Scott Beatty se aproveitaram da arte gótica e caricatural de Jones para imprimir um aspecto ainda mais sombrio ao Batman, num resultado que confundiu os fãs (alguns o odiavam, outros o amavam). Ainda assim, ele ficou entre os números 515 e 552, entre 1995 e 1998.

A bela arte de Graham Nolan e o uniforme totalmente preto do Batman: às vezes, a coloração não ajudava.
Em paralelo, a longa temporada de Chuck Dixon como escritor e tendo o ótimo Graham Nolan como principal desenhista, ocupou praticamente a maior parte dos anos 1990, seguindo a lógica de grandes arcos de histórias interligadas, como Contágio, Terremoto e Terra de Ninguém. Além das revistas principais, Dixon e Nolan ainda produziram a graphic novel Advogado do Diabo, no qual o Batman é obrigado a defender o Coringa de um crime que ele não cometeu, uma história excelente. Dixon também contribuiu de maneira decisiva para as outras revistas do universo do homem-morcego, escrevendo as revistas do Asa Noturna e dando início às novas revistas do Robin e da Mulher-Gato, que foram desenhadas por Tom Grummett e Jim Ballent respectivamente. Ambas tornaram-se sucesso de vendas e permaneceram sendo publicadas por anos.

Robin (Tim Drake) ganha sua própria revista por Chuck Dixon e Tom Grummett.
O período de meados dos anos 1990 rendeu ao Batman muita popularidade, de modo que uma onda de boas histórias foram publicadas, com destaque para as maxisséries O Longo Dia das Bruxas e Vitória Sombria, ambas produzidas por Jeph Loeb e Tim Sale, entre 1996 e 1999. Também ocorreram alguns crossovers interessantes, com destaque para aqueles com os personagens da Marvel Comics. O escritor e desenhista John Byrne criou a graphic novel Batman & Capitão América no qual os dois heróis agem juntos na época da II Guerra Mundial; houve um brutal encontro com o Justiceiro escrito por Chuck Dixon e desenhado por John Romita Jr. e dois encontros com o Homem-Aranha, um escrito por Dixon e desenhado por Mark Bagley e outro escrito por J.M. DeMatteis e desenhado por Graham Nolan. Houve ainda um badalado encontro com o Spwan da editora Image Comics, escrito por Frank Miller e desenhado por Todd McFarlane, mas apesar da fama dos criadores e do estardalhaço do anúncio, a história em si não foi lá grande coisa.

O encontro de Batman e Homem-Aranha por DeMatteis e Nolan.
Embora os filmes do homem-morcego tenham virado fracassos retumbantes nas mãos do diretor Joel Schumacher, o personagem continuava com o desenho animado que é o mais cultudo dos últimos tempos: Batman – The Animated Series, que deu origem a todo o Universo Animado da DC Comics, que prosseguiu com muitas outras séries a partir de então. A série original teve duas temporadas e depois foi repaginada como Batman – The New Adventures, colecionando ainda alguns longametragens derivados – A Máscara do Fantasma é o melhor deles – e a série Batman Beyond, na qual é mostrado um futuro em que um velho Bruce Wayne treina um jovem para substituí-lo como Batman. Essas séries ainda popularizaram as interpretações do homem-morcego por Kevin Conroy e o Coringa por Mark Hamil (o Luke Skywalker de Star Wars).
Fora das revistas do Batman, ainda vale mencionar a revista da Liga da Justiça, relançada em 1996 por Grant Morrison e Howard Potter, na qual o homem-morcego desempenha um papel central e fundamental e é a melhor das fases da equipe em todos os tempos, encerrando-se em 2000. Essa fase daria origem ao desenho animado Justice League – The Animated Series, também de Timm e Dini, que seria o maior sucesso da DC no ramo. Durou quatro temporadas – a segunda metade chamada Justice League Unlimited – entre 2001 e 2004.

Terra de Ninguém: fim da fase de Dixon e Moench. E início da de Rucka.
Nos quadrinhos, a saga Terra de Ninguém (No Man’s Land, no original) representou outra mudança de “fase” no Batman. Encerra-se a Era Dixon e o comando das revistas do homem-morcego passam ao escritor Greg Rucka, que produz uma fase muito, muito boa. Naquela saga, após o terremoto que destruiu Gotham, o Governo dos EUA decide extinguir a cidade, mas parte dos moradores resolve ficar. Desconsiderada como território dos EUA, nenhuma autoridade se responsabiliza pelos que resolveram ficar. Assim, se estabelce o completo caos, obrigando Batman a organizar todos os seus aliados – o Batsquad – para conter a fúria dos habitantes e ação dos velhos vilões que se aproveitam da situação. As principais consequências da saga foram o surgimento da nova Batgirl (Cassandra Cain) e a morte de Sarah Essen, a esposa do Comissário Gordon.

"Bruce Wayne: Fugitivo": colaboração de Rucka e Brubaker.
Após o fim da saga, Greg Rucka voltou as histórias para um clima mais detetivesco, o que foi muito bem vindo. Pouco tempo depois, o escritor Ed Brubaker se juntou ao time e a colaboração dos dois promoveu uma das melhores fases do Batman nos últimos anos. Foi introduzida a personagem Sasha Bourdeaux, que imposta pela diretoria da Wayne Enterprises como guarda-costas de Bruce Wayne após uma tentativa de sequestro. Wayne engana sua auxiliar de todas as maneiras, mas se apaixona por ele, revelando sua identidade e transformando-a em uma vigilante mascarada que age com ele à noite. Contudo, uma das ex-namoradas dele, Vesper Fairchild, é assassinada em plena Mansão Wayne e ele é acusado do crime.
É o início dos arcos Bruce Wayne: Assassino e Bruce Wayne: Fugitivo, que se extendem por todas as revistas do universo do homem-morcego (Detective Comics, Batman, Batman: Legends of the Dark Knight, Nightwing, Robin, Batgirl etc.). Por causa das evidências, até mesmo os membros do batsquad chegam a se questionar se Batman teria matado sua ex-namorada, mas há uma ruptura entre ele e seus amigos por outro motivo: sua incapacidade de aceitar ajuda. No fim das contas, Wayne é inocentado com a prisão do verdadeiro criminoso, David Cain, o pai da Batgirl, e a descoberta de que o mandante foi Lex Luthor, na época, Presidente dos EUA, como vingança pelo fato de Wayne ter tomado dele a responsabilidade de reconstruir Gotham após o terremoto.

Siêncio (Hush): o novo vilão criado por Loeb e Lee.
As histórias seguintes, na qual o Batman derrota a agência de espionagem Xeque-Mate várias vezes só para falar com Sasha Bourdeaux (que virou agente do time), são hilárias de tão boas.
A fase de Rucka e Brubaker ainda criou um derivado de Batman: a revista Gotham Central, que é focada nos policiais de Gotham City e na qual o homem-morcego só aparece ocasionalemente, mas se exploram as consequências de sua existência para os “humanos normais” da força policial. Desenhada por Michael Lark, essa revista foi uma das mais aclamadas do início da década de 2000.

Batman e Mulher-Gato ficam juntos em "Sliêncio", de Loeb e Lee.
Entre 2002 e 2003, a revista Batman passou ao comando da dupla Jeph Loeb e Jim Lee por 12 números. O longo arco Silêncio foi extremamente bem aceito por público e crítica, mostrando uma típica perseguição de gato e rato entre o homem-morcego e um novo vilão chamado Silêncio (Hush). Enquanto isso, Batman e Mulher-Gato se reaproximam de maneira determinante e, incentivado pelo Asa Noturna, Bruce Wayne decide contar a Selina Kyle que sabe quem ela é e revela sua própria identidade secreta para ela. Isso os torna um casal de verdade pela primeira vez, embora não fiquem juntos por causa da paranóia dele.
Alem disso, Silêncio também deixou outras marcas: o Charada passa a ser um vilão mais relevante e descobre a identidade do Batman (mas ele vai esquecer depois); Duas Caras passa por uma cirurgia plástica e se “cura”; e Harold é morto por Silêncio. Além disso, Loeb e Lee plantam a semente da ideia de que Jason Todd, o Robin II, estaria de vivo de alguma maneira.

O Capuz Vermelho em sua versão nos quadrinhos...
A seguir, Judd Winick se tornou o principal escritor do Batman e produziu uma fase em que alguns arcos se destacaram, como Jogos de Guerra, que mostra o vilão Máscara Negra emergindo como a principal força do submundo do crime organizado em Gotham. Outro destaque foi A Volta do Capuz Vermelho, que traz uma nova versão desse vilão que, na cronologia do Batman, era originalmente o Coringa antes do acidente que lhe deu a “forma” atual. O novo Capuz Vermelho tenta tomar o controle do crime das mãos do Máscara Negra e causa um caos, mas o Batman termina descobrindo que o vilão é na verdade Jason Todd, que está mesmo vivo. A maneira como ele sobreviveu está relacionada à grande saga DC da época, Crise Infinita.

... e sua versão animada. Melhor em movimento.
Pouco tempo depois, o mesmo Judd Winick adaptou essa saga para o longa metragem animado Batman Contra o Capuz Vermelho, que é um filme excelente, muito melhor do que sua versão original no papel.

"Batman Begins" dá início à melhor adaptação cinematográfica do Batman.
Também no campo multimídia, a boa fase do Batman rendeu uma nova franquia cinematográfica, reiniciada do zero, comandada pelo cineasta Christopher Nolan. Batman Begins (2005) e Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008) estão entre as melhores adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema e foram dois grandes sucessos, com o segundo ultrapassando a marca de um bilhão de dólares nas bilheterias.
A Fase de Grant Morrison

Robin (Tim Drake), Batman e Damian Wayne, o filho de Bruce com Talia. Arte de Andy Kubert.
Em 2006, o aclamadíssimo escritor escocês Grant Morrison – que já havia escrito Asilo de Arkham, em 1989 – assume o comando da revista Batman, junto ao desenhista Andy Kubert, enquanto Paul Dini e vários desenhistas, assumem Detective Comics. Conhecido por sua genialidade, ideias polêmicas e histórias absolutamente complexas, cheias de pistas e de metalinguagem, Morrison promoveu uma longa fase repleta de mudanças até 2011.
Primeiramente, resgatou elementos da história O Filho do Demônio, de 1987, e colocou Talia Head reaparecendo com um menino chamado Damian Wayne, filho de Bruce com ela. Apesar da pouca idade, o rapaz foi treinado pelos melhores mercenários da Liga dos Assassinos e a mãe quer que o pai termine seu treinamento. Como resultado, em médio prazo, Damian termina se tornando o novo Robin.

O Batman na arte de Tony Daniel.
Em seguida, Morrison criou uma longa história em que Batman é perseguido por uma organização chamada Luva Negra, liderada pelo Dr. Hurt. Numa trama bastante complexa, Bruce Wayne se apaixona e é enganado por Jezebel Jet (uma agente da organização) e é quase levado à loucura. No arco Descance em Paz (R.I.P), desenhado por Tony Daniel, o Batman vence a batalha, mas é dado como morto após um acidente de helicóptero. Mas Morrison termina mostrando que o Batman está vivo apenas para “morrer” de novo na grande saga-evento Crise Final, num conflito contra Darkseid.

Batman e Robin na versão louca e genial de Morrison e Quitely. Aqui, o Batman é Dick Greyson.
Em consequência, Dick Greyson se torna o novo Batman, se encarregando de deixar Damian Wayne “na linha”. A revista que mostrava essas aventuras, Batman & Robin, por Grant Morrison e Frank Quitely, se tornou o maior sucesso da DC na época. Obviamente, Bruce Wayne estava vivo – mas perdido no tempo – e após seu retorno, surpreendentemente, Greyson continuou agindo como Batman, enquanto Wayne também vestia o manto. Ou seja, por um determinado período, houve dois Batmen agindo ao mesmo tempo, coordenando suas ações em lugares diferentes.

Bruce Wayne revela que é o financiador do Batman: outras das ideias loucas de Grant Morrison.
Em meio a isso, Bruce Wayne anuncia para o mundo inteiro que ele é o financiador do Batman e lança a Batman Inc., uma iniciativa que busca financiar e treinar vigilantes do mundo inteiro. A revista derivada, Batman Inc. se torna outro grande sucesso, também escrita por Morrison. Esta fase, no entanto, foi interrompida quase bruscamente em agosto de 2011 para dar lugar ao reboot cronológico e editorial da DC Comics.
The New 52: o reboot da DC

Capa de "Batman 700" por David Finch.
As revistas da editora foram zeradas, novas equipes criativas assumiram, personagens foram rejuvenescidos e uma nova cronologia passou a imperar. Entretanto, os editores Geoff Johns, Jim Lee e Dan DiDio insistem que praticamente nada mudou quanto ao Batman. Dentro da lógica do “em time que está vencendo não se mexe”, apenas os personagens que não estavam indo muito bem nos últimos anos foram afetados. Como Batman é o maior sucesso não somente da DC nos últimos tempos, mas do mercado de quadrinhos em geral, aparentemente, sua cronologia foi muito pouco afetada.

A nova "Batman 01": uma das mais vendidas em setembro de 2011 e parte do reboot da DC Comics.
Ainda assim, foi uma ruptura, pois Grant Morrison assumiu outros projetos, como o reinício da franquia do Superman, de modo que outros escritores passaram a comandar o homem-morcego, inclusive com os desenhistas Tony Daniel e David Finch assumindo também os textos, juntos a outros colaboradores, como a dupla Scott Snyder e Greg Capullo. Até agora, apenas dois números de cada revista do reboot foram lançadas, mas nos dois meses as revistas de Batman estão entre as mais vendidas e sua franquia permanece como a mais lucrativa do mercado de quadrinhos atuais. No mês de setembro, das 20 revistas mais vendidas, seis eram do universo do Batman (na ordem: Batman, Detective Comics, Batman: the Dark Knight, Batman & Robin, Batgirl e Batwoman), além de outros destaques, como as novas revistas da Mulher-Gato e do Asa Noturna.
Definitivamente, o Batman continua a sua boa fase e a tendência é melhorar com o lançamento do altamente aguardado filme Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge em 2012.

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