REVIEW - CINEMA: HOMENS DE PRETO 3

                              

O quadrinho que deu origem a tudo continua desconhecido do público, mas a franquia Homens de Preto conseguiu se tornar famosa tanto no cinema quanto na TV. E agora Homens de Preto 3 (Men in Black 3) chega para renovar as coisas, mesmo que para isso precise viajar ao passado.

Homens de Preto 3

Desta vez a ameaça é Boris (Jemaine Clement), um criminoso alienígena metido a motoqueiro que até certo ponto lembra Lobo, o mercenário intergaláctico da DC Comics. Preso há décadas, ele consegue escapar e decide se vingar do Agente K (Tommy Lee Jones). Para isso viaja para 1969, o que, é claro, acaba mudando o presente. Para consertar as coisas, o Agente J (Will Smith) viaja no tempo para deter Boris e salvar K, em sua versão mais jovem interpretado por Josh Brolin.

Depois de tanto tempo desde o segundo filme, de 2002, era de se esperar que algumas coisas mudassem. E isso, infelizmente, é talvez o único ponto fraco do novo filme. A começar pela música tema, que retorna alterada e desequilibrada, de início quase agradando, mas acabando por fugir tanto do original, que destoa do todo. Outra mudança infeliz foi o não retorno de personagens queridos, como o cachorro Frank (mesmo que existam alusões a ele), Zed (cujo ator, Rip Torn, chegou até a ser anunciado no elenco) e o trambiqueiro Jeebs. É o tipo de coisa que não afeta a história, mas decepciona os fãs e pode reduzir o humor.

Embora o primeiro filme continue sendo quase impecável, este terceiro supera o segundo em vários aspectos, com uma história melhor, muito mais ação e efeitos especiais muito superiores. Mas é sempre bom lembrar que o segundo filme teve de ser alterado às pressas, afinal o roteiro original envolvia o World Trade Center se transformando numa nave espacial, algo totalmente inviável num filme que acabou sendo lançado pouco depois do 11 de setembro.

Smith continua muito divertido e, com a participação de Jones reduzida e menos personagens presentes, acaba ganhando até mais destaque. Jones, mesmo aparecendo pouco, rouba a cena quase sempre. Seu jeito sério é mais engraçado do que qualquer outra coisa. Brolin consegue mimetizar perfeitamente Jones, contando ainda com uma maquiagem que os deixa realmente idênticos. Clement surpreendente ao interpretar um vilão muito sério, que por isso mesmo nem ganha muito espaço.

O filme segue a linha dos anteriores, com muito humor, inteligentes tiradas com personalidades do cinema e da música e piadas racistas à custa do Agente J. Os alienígenas continuam um show a parte, principalmente os apresentados em 1969, emulando os recursos da época para criar seus visuais.

A história é mais “redonda”, com um vilão com um objetivo mais direto e pessoal. Isso torna o filme um pouco mais emotivo, sendo o melhor em explorar o relacionamento entre J e K. Ainda assim, consegue por pouco escapar de se tornar piegas. O que chama realmente a atenção é a ação, melhor conduzida e em maior quantidade do que nos anteriores. Tanto que, da metade para frente, o humor acaba quase desaparecendo e, o que era uma comédia de ficção, fica mais próximo de uma aventura dos anos 1980, onde a diversão nunca era esquecida, mas não era o ponto mais importante.

Divertido e até certo ponto nostálgico, Homens de Preto 3 tem o potencial de renovar a franquia, embora estreie num ano cheio de blockbusters com grandes chances de eclipsar a concorrência. Reestabelecendo as regras de um divertido universo, o filme é muito agradável e merece ser visto na telona, mesmo que ao menos uma cena mostrada nos trailers tenha ficado de fora – provavelmente a ser incluída em alguma edição especial em DVD ou Blu-ray.

Elenco: Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Emma Thompson, Jemaine Clement, Alice Eve, Bill Hader, Michael Stuhibarg. Roteiro: Etan Cohen e Lowell Cunningham, baseados nos quadrinhos da Malibu Comics. Direção: Barry Sonnenfeld.