
E se tudo que é bom, tem que acabar
House foi bom Ca&%$%@#* chegando ao fim e encerrando uma série com tudo pra dar errado, mas
que se tornou memorável. Afinal de contas, era uma história em que
o personagem principal é insuportável, cada episódio segue um formato mais inflexível que os capítulos de
Law & Order e quase nenhum ator parecia digno de nota ali. Quase.
Afinal de contas, o grande astro da produção é mesmo o inglês
Hugh Laurie
e sua interpretação para cada diálogo. É difícil imaginar outro ator
interpretando o mesmo sujeito detestável, mas apaixonante. O mesmo cara
intelectualmente invencível, mas em vários momentos
sutilmente sensível e vulnerável. Não foi fácil fazer de House um mito e avatar de zilhões de usuários nas redes sociais por aí.
De certa forma, o talento de Laurie ofuscou outros méritos do seriado, como o ótimo roteiro com diálogos sensacionais.
House foi magnificamente escrita até que tudo culminasse com a internação do médico, quando
Gregory se descobre absolutamente humano e vulnerável. A quarta temporada que antecipa essa internação tem um dos melhores
season finale de todos os tempos, fugindo do formato convencional de cada episódio. Foi difícil esperar a quinta. E olha que valeu a pena...

Daí em diante,
House caiu porque já havia alcançado seu clímax.
É algo normal em qualquer produção de TV, mas que poderia fazer este
post soar mais como um lamento do que como uma elegia. Mesmo não
alcançando mais seu melhor momento, o seriado sempre se manteve ótimo
até chegar a última opção de novidade que os escritores poderiam ter:
um relacionamento entre o protagonista e a dra. Lisa Cuddy (Lisa Edelstein). Pessoalmente, gostaria que a história acabasse ali. Afinal de contas,
gostaria de ver House terminando feliz. E quem não queria?
Não foi o que rolou e nas últimas duas temporadas,
House foi virando uma produção com um quê de Chaves em que você assiste sem se surpreender, mas
ainda acha legal pelos bons momentos que teve com ela. Em alguns capítulos, por exemplo, o
Dr. Chase (Jesse Spencer) parecia ser o mesmo personagem hesitante das primeiras temporadas ao invés do médico que amadureceu.
Não dá para nenhuma produção seguir assim e ainda bem que atores, produtores ou sabe-se lá quem
teve o bom senso de encerrar as atividades agora.
Antes que o doutor, que ninguém procuraria para uma consulta de rotina,
mas gostaria de ter na sala em um caso de vida ou morte, se tornasse um
pastiche.
House acaba sim. Mas sempre vamos ter seus grandes momentos:
o processo de seleção de novos residentes com uma dezena de
personagens, seu processo de enlouquecimento na quinta (talvez a melhor
do seriado), o súbito e inexplicável suicídio do
Dr. Lawrence Kutner (Kal Penn),
invadir uma casa com um carro, cair na porrada em uma prisão... É muita coisa para lembrar.
E agora é hora de fazermos isso.
Porque House está acabando. E essa é a forma mais honesta de um
seriado manter a sua verdade. Nem todo mundo mente, Gregory. Você vai
fazer falta.
Por:Bugman dos melhores do mundo